Fascistas na Copa

Os êxitos da equipe da Croácia na recém finda Copa do Mundo suscitaram discussões extra futebolísticas em nossa esquerda. Houve quem declarasse, às vésperas da partida final, que sua simpatia iria para os croatas e não para o imperialismo francês. A França é parte integrante, mas subalterna, do bloco imperialista.

Sua equipe, entretanto, até por ser composta de muitos descendentes de africanos, absteve-se de qualquer atitude ou manifestação racista, xenófoba e colonialista. Ao passo que a equipe daquele “pequeno país”, como escreveu enternecido o “anti-imperialista” equivocado, apenas comprovou que é possível ser nazista e jogar bem futebol.

É inaceitável que se utilize a mais importante competição esportiva internacional para fazer propaganda de uma ideologia que preconiza a supremacia e o ódio étnico, desafiando arrogantemente o ideal da igualdade humana e da universalidade de direitos e de valores inseparáveis desse ideal. Jogadores como o zagueiro Demogoj Vida e o técnico Ognjen Vulkojevic exibiram reiteradamente suas simpatias hitlerianas, notadamente bradando “Slava Ukraini”, o “Heil Hitler” dos nazistas ucranianos, que apoiaram a invasão da União Soviética pelos exércitos do III Reich e colaboraram com zelo assassino nas operações de extermínio empreendidas pela Wermacht e pela Gestapo na União Soviética ocupada. O fato de estarem jogando em território russo, diante de um povo que perdera cerca de 20 milhões de vidas durante a II Guerra Mundial excitou a perversidade dos provocadores. Mas os futebolistas croatas já haviam dado vazão a seus baixos instintos políticos na Copa anterior, quando após garantirem classificação derrotando a Islândia em 19 de novembro de 2013, o zagueiro Josip Simunic puxou um coro de torcedores que comemoraram a vitória com cantos e saudações rituais do movimento nazi-croata Ustacha. Foi suspenso pela FIFA por dez partidas da Copa do Mundo, não tendo, pois participado das Copas de 2014 e de 2018. Mas em 2018 a dupla Demogoj Vida/Ognjen Vulkojevic retomou a tenebrosa propaganda de Simunic, desempenhando o papel da porta-voz ideológico da equipe. Esta, por sua vez, reflete as ideias dominantes de seu país.

Para compreender que país é esse, são indispensáveis pelo menos dois recuos no tempo histórico, um até os anos 1940, outro aos anos 1990. No primeiro, diremos o que foi a Ustacha; no segundo lembraremos como a contra revolução, com apoio militar da Otan, destruiu a Iugoslávia.

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