Quem não quer a unidade da esquerda?

Como é sabido, a direita brasileira, monitorada pela CIA americana, promoveu um golpe não apenas para depor a presidenta Dilma Rousseff mas, principalmente, para interromper o projeto político que estava sendo executado, especialmente a política de inclusão social e de reafirmação de nossa soberania.

O que está em disputa na eleição presidencial de 2018 é exatamente isso: uma batalha de natureza estratégica que exige, dos reais competidores, convergência em torno do principal e absoluta relativização de eventuais divergências secundárias, sob pena de assistirem suas pretensões naufragarem mesmo antes da batalha se iniciar.

A direita, justiça se faça, tem demonstrado uma extraordinária determinação para cumprir integralmente os seus objetivos. Segue com absoluta disciplina e sem qualquer escrúpulo o roteiro e a cronologia definido pela CIA.

Primeiro, através dos seus instrumentos de comunicação, estimulou o caos e a criminalização da política, cujo objetivo é afastar “as pessoas de bem desse ambiente putrefato”. Concomitantemente desencadeou uma cruzada pseudo moralista procurando apresentar as forças de esquerda como “perigosos bandidos”, procurando antagoniza-los com o movimento popular e colocá-los na defensiva.

Os próximos passos eram previsíveis: afastar a presidenta Dilma Rousseff (PT) para tomar de assalto o governo que eles não conseguem ganhar no voto; intensificar a cruzada contra a esquerda, para tentar desacredita-la junto ao povo; condenar e prender o ex presidente Lula, mesmo sem qualquer prova material, com o claro objetivo de impedir que ele dispute as eleições presidenciais reduzindo, assim, na lógica deles, mas o risco de perderem de novo as eleições; e, finalmente, desenharem um processo eleitoral no qual eles tivessem o mínimo de risco.

Nessa etapa, o primeiro movimento no tabuleiro de xadrez foi juntar todas as forças de direita em torno da candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB), certamente o nome mais confiável ao “mercado” e a CIA. A consequência imediata desse movimento foi o completo isolamento de Jair Bolsonaro, representante da extrema-direita, que ameaçava ocupar o espaço da direita em decorrência da fragilidade eleitoral até então demonstrada por Alckmin.

Esses movimentos foram importantes e, sem dúvidas, aumentou a competitividade desse bloco mas, a nosso modo de vê, está longe de assegurar a vitória eleitoral da direita. O desgaste do governo Temer, de quem são representantes, e o caos que a política por eles executada tem provocado no país não indica vida fácil para eles.

Assim, as forças de esquerda e as demais forças progressistas, apesar dos ataques que sofreram (e sofrem), reúnem condições objetivas para disputar e ganhar as eleições. Mas é preciso ajudar o povo a lhe ajudar, ou seja, no mínimo sinalizar que formará um polo competitivo, saindo da absoluta dispersão em que se encontra.

Quem deseja ver a esquerda dividida é a direita, pois imagina que assim sua vida será mais fácil, o que é absolutamente verdadeiro. Mas constatar que a maior parte da esquerda não tem qualquer compromisso com a unidade, mesmo diante das manobras que a direita faz para nos isolar, é algo que beira a raia da estupidez.

Ainda temos tempo de assegurar a unidade mínima da esquerda, assegurar a vitória eleitoral e iniciar a aplicação de um projeto de desenvolvimento nacional.

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