Ainda há prazo, mas é preciso pressa

De acordo com o calendário oficial, em 5 de agosto se encerra o prazo para as convenções partidárias destinadas a decidir sobre candidaturas e alianças.

Aqui na província costuma-se dizer que quem tem prazo, não tem pressa.

Mas o prazo agora é exíguo.

Mesmo se sabendo que na luta política um dia pode valer por um mês, a depender do evolver dos acontecimentos, chegou a hora de a onça beber água.

Natural que pré-candidatos que disputam entre si a representação do mercado financeiro e da elite tupiniquim se inquietem porque — salvo o capitão reformado de extrema direita — nenhum deles dá sinais de robustez nas pesquisas e, por conseguinte, não consegue ser o polo aglutinador das energias ultra liberais.

A disputa pelo apoio do chamado "centrão" se acirra. Disso depende, em boa medida, a correlação de forças.

As dificuldades dessas forças refletem um fenômeno inequívoco: a derrota política do golpe.

Melhor dizendo: apearam do poder a presidenta Dilma, assumiram o governo e, passados dois anos, têm em Temer o governante mais rejeitado da história republicana.

Sequer agora lhe dão a base parlamentar necessária para seguir célere no cumprimento da agenda entreguista e regressiva de direitos.

Ponto para as oposições, que podem almejar vencer o pleito.

Entretanto, para isso, dois elementos indispensáveis correm em paralelo, ao invés de se entrecruzarem: a construção de uma plataforma de unidade; e a busca de uma candidatura única já no primeiro turno.

A partir do trabalho das fundações de estudos e pesquisas do PT, PCdoB, PDT e PSOL (com a solidariedade de integrantes do PSB), se tem dado passos no sentido de forjar essa plataforma.

Mas a tática adotada pelo PT, que corretamente defende o direito do ex-presidente Lula se candidatar, mas incorretamente se recusa a admitir uma saída alternativa caso se confirme impossível essa candidatura; e as oscilações na postura de Ciro Gomes, do PDT, têm dificultado a construção na unidade.

Manuela D'Ávila, do PCdoB, tem sido exemplar na defesa do projeto alternativo para o País e incansável na pugna pela unidade.

Como ainda há prazo, mas é preciso alguma pressa, as três semanas que nos restam se mostram decisivas.

Os acontecimentos do último fim de semana, no cômputo geral não reforçaram as chances de Lula disputar o pleito. Os humores do Judiciário reforçam a hipótese contrária.

Ou seguiremos convergentes nos propósitos, mas dispersos nas candidaturas e correremos o risco de não passar a um provável segundo turno; ou nos unimos e mobilizamos a nação com chances de vitória.

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