México de pé versus golpistas de joelho perante o império

Andrés Manuel López Obrador obteve um triunfo contundente nas eleições presidenciais mexicanas deste domingo (1º/7), vencendo seus concorrentes com ampla vantagem. Obteve 53 por cento dos votos, superando de maneira incontestável o segundo colocado, em mais de 20 pontos percentuais.

Uma jornada democrática memorável, depois de uma campanha eleitoral marcada pela violência, com ao menos 145 políticos assassinados desde setembro, dos quais 48 eram pré-candidatos e candidatos.

López Obrador vence como um líder popular que contestou o apodrecido sistema político mexicano, insurgiu-se contra as abissais desigualdades sociais, defendeu a soberania do país asteca em face do domínio e das ameaças estadunidenses e denunciou a desbragada corrupção.

À frente de uma coalizão que uniu sua formação política, o Morena (Movimento de Regeneração Nacional), com o Partido do Trabalho, uma organização de esquerda revolucionária, bateu a esdrúxula coalizão formada pelo direitista PAN (Partido de Ação Nacional) e o PRD (Partido da Revolução Democrática), de centro esquerda, e o Partido Revolucionário Institucional (PRI). Este sofre a sua pior derrota, em um humilhante terceiro lugar, depois de ter dominado a cena política mexicana durante quase todo o século 20 e de ter estado na presidência da República durante os últimos seis anos, com o desastroso governo de Peña Nieto.

Obrador soube capitalizar o profundo e extenso descontentamento do povo mexicano e sintetizar suas esperanças e aspirações. Sua eleição é o triunfo da democracia e da soberania nacional, representa uma renovação da esperança para o povo mexicano e abre novos caminhos para a nação de Pancho Villa e Zapata.

A vitória de López Obrador representa uma esperança não só para o México, mas para toda a região da América Latina e Caribe. Desde 2009, quando ocorreu o golpe de Estado em Honduras, a região tem sido convulsionada por golpes, intentonas de magnicídio, movimentos separatistas, rebeliões violentas insufladas pelas classes dominantes e o imperialismo e a retomada de governos nacionais por partidos de direita, neoliberais e pró-imperialistas, em processos eleitorais marcados pela manipulação midiática, mentiras e chantagem psicológica sobre o eleitorado.

A eleição de López Obrador no México acende a esperança de deter a ofensiva antidemocrática na região, uma onda contrarrevolucionária que ameaça destruir conquistas sociais e a integração soberana de povos.

O gesto de dignidade e afirmação da soberania popular mexicana contrasta com a atitude servil e submissa ao império de governos como o que está à frente do regime golpista brasileiro.

Durante a semana passada, quando o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, visitou o Brasil, obteve, entre afagos e lisonjas àqueles que no Planalto e no Itamaraty enxovalham a honra e a dignidade da nação brasileira, o compromisso dos golpistas de agir para isolar a Venezuela no concerto das nações sul-americanas e contribuir para a derrocada do governo legítimo da Revolução Bolivariana.

O triunfo de Obrador no México tem, assim, sentido geopolítico, e pode ser o marco de um novo ciclo político na América Latina. Um contraste entre a manifestação de altaneria e autodeterminação de seu povo com a subserviência dos golpistas brasileiros de joelho perante Trump e seus prepostos.

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