Petrobras: Falemos em números

Um dos princípios fundante da dialética, da ciência, é que “a prática é o critério da verdade”, ou seja, o resultado e as consequências de uma ação é que determina se essa ação é justa e correta. Expressa, ademais, o seu conteúdo de classe e, consequentemente, a serviço de quem e de que interesses ela está a serviço.

A partir desse enunciado é possível comparar a política de preço de combustíveis no governo Dilma Rousseff e na gestão da turma de Temer e, consequentemente, analisar qual delas era mais justa, mais correta.

Na gestão Dilma Rousseff não existia política de “controle artificial de preços de combustíveis”, como a direita alardeia. O que existia era uma política deliberada e consciente de reduzir a lucratividade (gigantesca) de uma empresa pública (portanto do povo) em benefício das pessoas mais simples e mesmo do sistema produtivo contra uma escalada de preços sem qualquer controle e objetivo, salvo aumentar os dividendos dos acionistas privados estrangeiros, como vem sendo executado pela turma do Temer.

A turma do Temer transformou a Petrobras numa máquina caça níquel a serviço dos especuladores privados. Esses recebem polpudos dividendos. Mas a dona de casa e os trabalhadores de maneira geral não conseguem mais suportar os aumentos quase diários de gás de cozinha e óleo combustível nessa política imposta pelas petroleiras estrangeiras que se apoderaram da administração da Petrobras.

Na gestão Dilma as pessoas podiam cozinhar e nunca houve um apagão nacional em decorrência de sua “política de preços de combustíveis”.

A turma do Temer fez voltar o fogão de lenha. A dona de casa não pode comprar o gás de cozinha e o caminhoneiro não suporta mais os aumentos quase diários do óleo diesel. Tais fatos, somados com redução de lucro das transportadoras, levou ao locaute que parou o país, cujas consequências econômicas e sociais, sem paralelo na história recente, ainda não estão inteiramente dimensionadas. Revelou, ademais, a farsa dessa política e o fato de que não existe mais governo. Estamos no “piloto automático”.

As pessoas simples, trabalhadores, necessitam de preços justos, especialmente para serviços essenciais (gás de cozinha, transporte coletivo, luz elétrica, etc.), cujos preços não podem ficar a mercê da sanha lucrativo dos especuladores e tampouco do “deus mercado”.

E o sistema produtivo, igualmente, precisa de preços justos e previsibilidade de custos, sem o que é muito difícil operar com eficiência qualquer negócio, especialmente diante de uma economia em frangalhos. A população não tem como suportar majoração de preços quase diária e unilateral, ou seja, se o preço do barril de petróleo aumenta os combustíveis aumentam automaticamente, mas se o barril de petróleo baixa de preço não há qualquer redução no preço dos combustíveis para o consumidor.

A política deles, portanto, não atende nem o sistema produtivo e muito menos o povo. As consequências todos nós acabamos de assistir.

Eles dizem que a gestão Dilma produziu prejuízos a Petrobras. O argumento é mentiroso, mas se fosse verdadeiro ele seria plenamente justificado à luz do enunciado (a prática é o critério da verdade) porque teria evitado perdas de 137 bilhões no valor da petroleira (FSP, 02.06.2018), como essa que eles acabam de provocar em decorrência da “política de reajustes automáticos”. Sem mencionar o prejuízo bilionário ao sistema produtivo – ainda não inteiramente contabilizado – em decorrência da greve dos caminhoneiros e do subsequente locaute das transportadoras que parou o país.

O objetivo deles é saquear a Petrobras. Por isso são críticos tão ferozes da política de controle de preços da Petrobras executadas nos governos Lula-Dilma. A meta deles é assegurar generosos dividendos aos acionistas privados estrangeiros, que hoje já são majoritários na Petrobras.

Mas compreendamos que gás de cozinha barato e até mesmo diesel subvencionado é a parte simples dessa equação, como eles acabam de demonstrar ao fechar acordo com caminhoneiros e transportadoras. Esse tipo de “perda” o deus mercado até aceita suportar, temporariamente, enquanto buscará compensação noutra frente de atuação pela lógica do conflito distributivo de renda.

O que eles não podem suportar mesmo é que as riquezas do pré-sal sejam controladas pela união, pelo povo, e não pelo “deus mercado” e suas petroleiras estrangeiras. Eles não podem admitir que esses recursos, ao invés de aumentarem a gordura de suas contas na Suíça, sejam prioritariamente destinados para elevar o padrão da saúde, da educação e do salário de seus professores.

Essa é a distinção essencial entre as duas políticas e a razão básica pela qual a direita brasileira, monitorada pela CIA americana, não teve dúvidas de rasgar a constituição para interromper uma política que, com erros e acertos era melhor para o país, para impor essa política de assalto ao povo e a nossa soberania. Esse é o debate que interessa!

A queda de Pedro Parente serviu para escancarar essa dicotomia. Assim, compete ao povo decidir se quer que a Petrobras utilize sua lucratividade para melhorar a vida do próprio povo ou para aumentar, ainda mais, o patrimônio dos especuladores e de suas contas numeradas na Suíça.

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