Chicote no contribuinte

 O Governo está de cócoras. Após assistirmos uma greve de caminhoneiros com consequências gravíssimas em vários setores, da alimentação aos combustíveis de automóveis e aeronaves, a solução que chega é um acordo feito às pressas com representantes patronais para desoneração do diesel.

Porém, quem vai pagar essa conta é o contribuinte brasileiro, com impacto direto em investimentos sociais. Além disso, não há alterações na política de preços da Petrobras. Ou seja, o Governo resolve o problema dos grandes empresários, mantém a política entreguista, mas não aponta nenhuma solução para o mercado interno.

As perdas da Petrobras, via subsídios de fonte desconhecida graças a um Teto de Gastos que o próprio Temer impôs, não responde à demanda e nem ao desejo popular pela redução do preço do gás de cozinha e da gasolina. Motoristas continuam fazendo filas gigantescas nas capitais e interior do país para abastecer, e com valores que flutuam ao compasso da ganância de alguns donos de postos. De outro lado, mais de 1 milhão de famílias apelam ao fogão à lenha e carvão, porque não conseguem mais comprar um simples botijão de gás.

Para compreender o “chicote” no lombo do trabalhador, é preciso esmiuçar a política de preços da Petrobras, mantida pelo seu presidente, o tucano Pedro Parente (o mesmo que esteve a frente do apagão elétrico no Governo FHC).

O aumento do preço dos combustíveis se dá em função de uma política que fez a clara opção de atender interesses externos, em detrimento de nosso desenvolvimento. Mas por que o preço flutua de acordo com os valores praticados no exterior? Porque o presidente ilegítimo decidiu que temos que exportar nosso pré-sal cru e importar os derivados de petróleo. Assim, exportamos um produto sem nenhum valor agregado e importamos outros de valor alto e volátil.

Dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços dão conta que, antes do impeachment, a participação dos Estados Unidos em nossas importações de óleo diesel era da ordem de 40%. No período imediatamente posterior ao golpe, a proporção foi elevada a 80%. Em números, o absurdo fica ainda mais claro. No primeiro quadrimestre de 2018, o Brasil importou US$ 2,39 bilhões em óleo diesel. No mesmo período de 2016 esse valor foi de US$ 713 milhões. Um aumento de 235%.

Como se vê, uma política entreguista. Que fecha os olhos e ouvidos às demandas do povo brasileiro, enquanto se ajoelha às vontades de outros países. Que anuncia a redução drástica da produção de nossas refinarias e a privatização de 4 delas. Um duro golpe à nossa soberania e aos ganhos que adviriam de uma riqueza, o pré-sal, que poderia ser revertida em políticas de saúde, educação e segurança. Em geração de emprego. Em desenvolvimento do país.

Os Estados Unidos agradecem enquanto a sociedade padece com os constantes aumentos dos derivados de petróleo por aqui.

A reivindicação dos grevistas é legítima, afinal, os tributos nos combustíveis são altíssimos. Mas, nossa preocupação é grande também com o impacto dessa paralisação. Pelo tamanho da mobilização, as consequências são imprevisíveis, para as famílias e para a economia. A permanência deste processo, sem solução por parte do governo, pode gerar mais instabilidade, o que não é indiferente ao povo quanto aos seus resultados. Um terreno fértil para que se apresentem saídas mágicas, mas quase sempre desastrosas para o país.

Qualquer saída para esta crise passa necessariamente pela mudança da política em curso, com papel no desenvolvimento interno, de geração de renda, emprego e fortalecimento da economia nacional. E isto só se dará pelo fortalecimento da democracia. Não há solução fácil ou milagrosa. O que começa errado não tem como dar certo. E este governo foi alçado a tal condição pelo caminho antidemocrático de um golpe. Nossa resposta deve vir das urnas. E até lá: Fora Parente! Fora Temer!

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