Metas claras e indicadores para traduzir e mensurar nossos objetivos

Apenas um quadro de metas claro e um conjunto de indicadores pode assegurar um sistema efetivo de monitoramento e avaliação. A simples proclamação de objetivos e mesmo de resultados esperados não passará de “desejos” se não houver um dimensionamento claro de um conjunto de metas acordadas coletivamente. O quadro de metas é a base do controle e da prestação de contas.

O planejamento estratégico, visto como cálculo que comanda e precede a ação, deve incorporar a definição de um conjunto de metas capaz de mensurar cada objetivo ou resultado esperado proclamado. A simples escolha desses objetivos, por mais clareza e unidade que eles expressem em determinada organização, não será suficiente para suportar o processo de monitoramento, medição e avaliação de desempenho.

Em um processo de planejamento que não deixa claro o que se espera produzir ou mesmo onde se espera chegar após determinado período, prevalece a superficialidade nos processos avaliativos e, invariavelmente, os balanços tendem a focar e supervalorizar os aspectos positivos. Assim, não se tira todas as boas lições possíveis da execução e prevalece o “lado bom” ou o “saldo político” das atividades desempenhadas.

Aqui não se trata de desconhecer o papel que tem, sobretudo para a motivação da equipe, o reconhecimento das vitórias e aprendizados que resultam de um processo de trabalho. Trata-se de dispor de metodologia e mecanismos que suportem técnica e politicamente o processo de monitoramento e avaliação com base objetiva e rigorosamente mensurável.

Essa abordagem soa um tanto quanto óbvia quanto apresentada, mas basta voltarmos nosso olhar para como se dá o processo de tomada de decisão em nossos organismos partidários e poderemos ver que nem sempre é assim. Muitas vezes a decisão e definição de determinado objetivo é genérica e subjetiva. Assim, definimos, por exemplo, ampliar o número de filiações em nossa área de atuação, sem definir qual nossa meta de novos filiados, em qual período, em que locais ou frentes. Definimos criar novos Organismos de Base, ampliar a participação no movimento social, ampliar número de votos, etc. sem a suficiente apreensão pelo coletivo e cada uma das partes envolvidas de qual a sua parcela na construção do resultado.

A questão é que quando não há mensuração clara dos nossos objetivos o planejamento opera em um sistema de baixa responsabilidade; porque não podemos acompanhar o desempenho ao longo da execução e tampouco avaliar se os resultados alcançados ao final de um determinado período são satisfatórios ou não.

Meta é a quantificação do objetivo e deve ter um fator numérico que as expresse e permita sua medição

O que dá sentido e efetividade ao planejamento Estratégico é a definição de um conjunto de metas viáveis. Metas devem ser capazes de expressar um futuro idealizado e traduzido nos objetivos e resultados esperados. Metas devem ser focadas nos resultados e não no esforço ou quantidade de trabalho empreendida em determinadas tarefas.

Quando bem utilizadas, metas definem os critérios de sucesso de uma organização. As metas definem se uma pessoa ou um time foram bem-sucedidos. As metas não devem focar apenas tarefas ou esforço por três motivos principais: a) devemos incentivar uma cultura de resultados e resolutividade; b) se você fez suas tarefas e nada melhorou, isto não é sucesso, por mais trabalho e envolvimento que tenha tido com determinado projeto e c) o planejamento ou plano de ação é somente uma hipótese, uma aposta que deve ser colocada à prova.

Quando for definir suas metas foque no destino onde quer chegar, não no meio para chegar lá e verifique seu alinhamento estratégico e sua viabilidade. Avalie as metas definidas: se você tem uma tarefa, pense no motivo pelo qual se está fazendo e compatibilize as metas definidas com os recursos disponíveis e o cronograma de cada projeto. Estabeleça consenso e pactos, compartilhe as metas e seja transparente com todas as partes envolvidas. Respeite a máxima “planeja quem executa” e empodere todo o coletivo do controle das metas definidas.

Estabeleça uma sistemática clara de avaliação do desempenho. Não espere o final do jogo para saber quem ganhou a partida.

Para tornar efetivo o processo de monitoramento e avaliação, ao lado do quadro de metas é preciso de dispor de um painel de indicadores. A palavra indicador é originária do latim – indicare – e significa apontar.

A função de um indicador ou conjunto deles é traduzir, de forma qualitativa e quantitativa, uma dada situação, com vistas a tornar possível seu monitoramento e avaliação. Sistema de indicadores é um modelo para monitoramento e avaliação focado em resultados.

Ele faz parte de um processo de transformação, no qual o efeito desejado é a mensuração por um conjunto de indicadores e alcançado por um grupo de iniciativas. As ações, por mais bem planejadas que tenham sido, ainda assim serão uma aposta, que necessitam ser constantemente controladas. Assim, o sistema de indicadores e, portanto, uma oportunidade de aperfeiçoar o conjunto de medidas e de aprendizado para todo o coletivo.

No próximo artigo, trataremos dos papéis básicos que os indicadores podem assumir no processo de monitoramento e avaliação e de suas funções para o Sistema de Ação Planejada.

Observação: Este é o sétimo texto de uma série de artigos que serão publicados semanalmente e que tem procurado oferecer elementos ao debate do Sistema de Ação Planejada do PCdoB. Caso queira, poderá acessar os temas anteriores:

1 _ A ação planejada a serviço da luta política e da estruturação partidária
2 _ Pra começo de conversa
3 _ A construção do Mapa Estratégico da atuação do PCdoB
4 _ Segundo passo do processo de Planejamento Estratégico
5 _ O modelo de gestão do Portfólio de Projetos
6 _ A definição do FOCO de atuação do PCdoB

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