Continuamos Só Com Os Restos

Rio de janeiro, 8 de Maio de 2018

Pai,

Este fim de semana fui em Santos, pro aniversário do Gilmar, pra comer uma feijoada maravilhosa que ele faz!

Aproveitei pra conhecer a Casa Fórum, e pra acertar o lançamento em Santos, do livro “Como se Faz Humor Político” que você fez junto com Tárik. Estou vendendo ele na Loja da Graúna, e fazendo lançamentos com debates. Neste momento de ódio político, estamos precisando conversar muito sobre humor político, o que você fazia tão bem.

Mas eu estava falando da feijoada. Ô coisa boa né! Como uma comida inventada por escravos com os restos que sobravam pra eles pode ser uma comida tão gostosa?

Pena que nós continuamos só com os restos.

Agora ainda pior, pai.

Estávamos começando a ficar com indústrias fortes, frigoríficos, construtoras, refinarias, produzindo plataformas de petróleo e navios entre outras coisas. Agora estamos voltando no tempo. Entregando nosso petróleo de graça, e comprando plataformas do exterior.

É aquela coisa de exportar petróleo e importar gasolina do pasado.

Estamos voltando é pra época do “Brasil Colônia”. Um país agrícola, fornecendo a matéria prima pros países industrializados.

Lá fora quando acontece algum escândalo de corrupção, eles punem os corruptos sem quebrar as empresas, e causar desemprego. Como aconteceu com várias empresas nos EUA.

No início do ano voltamos a exportar bois. Cem mil bois vivos, que vão ser abatidos e dar emprego em frigoríficas lá fora, enquanto o desemprego aumenta aqui.

Mas agora eles aproveitam tudo, não vai sobrar nem rabo e orelha pra gente fazer a feijoada.
E aí vou ficar sem a feijoada do Gilmar!

Ainda bem que trouxe aqui pro Rio, uma quentinha que a Patrícia fez!

Tá lá no congelador o pote de sorvete com feijão pra comer mais depois.

Um beijo do seu filho.

Ivan

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