O assalto final

Quando parte do STF se negou a cumprir a Constituição Federal estava consolidado o golpe, iniciado com a cassação de Dilma Rousseff (PT) e concluído com a prisão de Lula.

Nessa etapa dos acontecimentos apenas os muito ingênuos ou excessivamente cínicos ainda sustentam que há uma “cruzada pela moralidade”, pois está mais do que evidente que a única motivação das forças conservadoras é interromper o projeto de desenvolvimento e inclusão social que vinha sendo executado por Lula-Dilma para retomarem a aplicação da velha política neoliberal.

Afinal, alguém ainda lembra qual foi a causa que levou à cassação da presidenta Dilma Rousseff? Acusação de “pedalada fiscal”, ou seja, atrasar pagamentos a bancos públicos, o que é uma prática corriqueira em todos os níveis da administração pública.

O então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), que se prestou a essa farsa, está preso sob a acusação de ter praticado inúmeros crimes. Tinha consciência de sua própria fragilidade e tentava, pela chantagem, obter proteção do governo e da bancada do PT para se livrar das acusações que pesava contra ele. Como não teve endosso a suas pretensões retaliou o governo esperando que o novo governo lhe desse proteção.

A condenação do presidente Lula não é menos grave. A causa que levou ao seu encarceramento é a acusação de que ele é proprietário de um apartamento cuja escritura está legalmente em nome de outro. Mas, se não há provas materiais, sobra “convicção” dos acusadores, o que parece ser suficiente para o sistema jurídico vigente no país.

Tudo isso, como fica evidente, é apenas uma farsa. É um roteiro previamente definido pela central de inteligência americana (CIA) para impedir que governos com tintura de esquerda continuassem a executar projetos de desenvolvimento com inclusão social mundo afora e especialmente na América do Sul. Não há novidade. É uma repetição.

No passado a CIA usava a “guerra fria” – polarização União Soviética x USA – para semear o terror entre as forças conservadoras e reacionárias dos países satélites e assim assegurar o controle desses países. Os golpes de então, no geral, eram organizados pela burguesia local e executados pelos militares, cuja falta de habilidade política provocava, naturalmente, muitos atritos até mesmo com os articuladores das quarteladas, razão pela qual o uso dos militares passou a ser considerado apenas como última opção.

Os golpes atuais, portanto, são mais sofisticados. Aparentam ares de legalidade, envolvem o legislativo, o judiciário e parte do próprio executivo. Contam com o aparato de comunicação sob o controle da burguesia para sedimentar a sua versão e, assim, levarem adiante os seus propósitos.

Embora tenham modus operandi distintos, os golpes de ontem e de hoje têm a mesma matriz e o mesmo objetivo: impedir que projetos de apelo popular sejam executados e, assim, assegurar que a maior parte do dinheiro público seja destinado para aumentar, ainda mais, a riqueza da burguesia local e internacional.

Essa é a causa e a motivação dos golpes. Simples assim. Cabe às forças progressistas manter a resistência, buscar ampliar as alianças para isolar as forças reacionárias e golpistas. Só assim é possível derrotar o golpe e restabelecer a democracia em nosso pais.

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