Entre a maldade e o desvario

O (ilegítimo) presidente, diante de convidados de vários segmentos da sociedade, reunidos no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, afirma ter recebido em comunicado oficial do governo dos EUA a garantia de que o Brasil estaria a salvo das medidas protecionistas adotadas por Trump em relação às importações de aço.

Poucas horas após, em meio a incontornável embaraço, o próprio Itamaraty esclarece que não há nenhum comunicado do governo norte-americanos sobre assunto.

Ou seja, Temer mentiu.

Como tem mentido frequentemente, ou dito meias-verdades (o que dá no mesmo) quando se depara com problemas sérios que deveria estar enfrentando responsavelmente.

E não está.

Responsável tem sido sim, com irrepreensível disciplina, em honrar compromissos assumidos perante o mercado financeiro e seus patrocinadores de Wall Street.

Mesmo quando perde — como no caso da reforma previdenciária, temporariamente abortada por insuficiência de votos na Câmara, a despeito do desbragado "toma lá, dá cá" promovido pelo Planalto.

Cada vez mais nitidamente na contra mão dos reais interesses da maioria dos brasileiros, sofre rejeição por parte de 89 por cento da população e, em termos de intenção de voto, não passa de 1%.

Mas se coloca como pré-candidato à presidência no pleito de outubro.

Um misto de esperteza no xadrez político e de insanidade mesmo.

Segundo o 'Estadão' de hoje, pesquisa Ipsos dá conta de que os desejados (por Temer e seu grupo) efeitos positivos da intervenção militar na área de segurança no Rio de Janeiro têm sido frustrantes. A desaprovação do governo ultrapassa 90%.

Pudera. A presença do Exército nas ruas gera na população, de imediato, uma (falsa) sensação de segurança, logo seguida da percepção de que as verdadeiras causas da violência criminal não estão sendo atacadas em seu conjunto.

E a intervenção completa um mês sem um plano e sem a garantia dos recursos financeiros necessários. Pode vir a ser um fiasco, comprometendo a imagem do Exército, cujo papel constitucional está longe de tão malfadada operação caça bandido.

De toda sorte, ao se apresentar como pretendente à candidatura, Temer desnuda dimensão das dificuldades do campo governista em encontrar um nome que aglutine o conjunto e se preste à defesa do "legado" do golpismo. Vulnerabilidade que uma frente ampla oposicionista poderia explorar.

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