O Anjo Huck

O Brasil vive um momento verdadeiramente incrível. Como já disse Tom, não é para amadores. Acontecem coisas do arco da velha – e secretas, acreditem.

O país já é campeão da Inteligência Artificial, mas poucos sabem disso. O programa tem sido sigiloso até agora, desenvolvido no Vale do Suplício nacional, as Organizações Globo.

Gabriel desceu à terra. Leio em Canção Nova (!) que os arcanjos pertencem à terceira hierarquia (Principados, Arcanjos e Anjos) e são responsáveis por executar as ordens de Deus, por isso estão mais perto de nós. Gabriel Arcanjo é o anunciador, por excelência, das revelações divinas. Seu nome significa “Emissário do Senhor” ou “Deus é meu protetor” ou ainda “Homem de Deus”.

Pois que Gabriel, passando pelo paraíso, se abasteceu com o big data de deus. O data analytics posto a funcionar a todo vapor, deixou pouca coisa ao improviso. Sua inteligência artificial foi rapidamente processada por algoritmos preciosos. Foi providenciado um comício eletrônico no Vale do Suplício, para anunciar a boa nova.

– “O que o destino e o que Deus esperam para mim, vou deixar rolar,” foi a mensagem dos céus.

– “Neste momento, agora, começo de janeiro, eu ainda acho que meu papel com esse microfone na mão aqui na TV Globo, na televisão, motivando as pessoas, talvez seja até mais importante do que estar lá (na Presidência).” (O grifo é meu: neste momento, agora!)

– “Neste momento (de novo! Nossa, que falta de sutilidade!) se eu me isentar de tentar melhorar, eu estaria sendo covarde. Daí a eu querer ser presidente, não quero que seja uma pretensão minha e não quero ser pretensioso de maneira nenhuma.”

– “Eu nunca, jamais, vou ser o salvador da pátria e o que vai acontecer na minha vida eu também não sei.”

Lida pelo valor de face, a mensagem chama a atenção pela precocidade do desfeito, depois do feito de deus comunicando ao anjo dever “desistir” do passo dado anteriormente. Vinicius de Moraes nesse caso lança a charada: se foi pra desfazer, por que é que fez? Ganha um picolé quem a responder.

Vejamos:

– FHC deu um xeque nas pretensões de Alckmin; busca o “novo” para derrotar Lula;

– o governo, Rodrigo Maia e o “centrão” podem juntar 300 deputados e mais da metade do tempo de TV; neste momento, reptam os tucanos;

– falando francamente, quase nada está dando certo no governo: crise fiscal, falta de investimentos, resultados econômicos que não chegam à população, desmoralização crescente, ministério em frangalhos; que ninguém creia que seus índices possam melhorar;

– em 16 dias, será julgado Lula; o mundo assiste bestificado o pandemônio discricionário do Judiciário contra Lula.

A receita é indigesta. Talvez a “organização” viu aí um vazio.

A inteligência artificial rodou os algoritmos, Luciano Huck nem precisava de tele prompter: Esperança, Bons propósitos, Humildade, Recato, Senso de responsabilidade, Pacificação do país, Rumo e Prioridades. Na pena galhofeira de Ricardo Noblat (disfarçado de crítico talvez por vergonha de roteiro tão óbvio): “Lindo, não?”

“Eles”, creio, não têm muitas opções. Luciano Huck tem o difícil dom de se prestar a balão de ensaio apressado duas vezes. Ou não? Só está pescando em águas turvas? Ele é o dono de sua voz?

Mas nada disso é farofa. O mundo gira, o mundo muda, mas farsa e tragédia seguem aparentadas, se sucedendo. O “novo”, outrora Collor e Rosana, é agora Luciano e Angélica. Com coisas “novas” assim o país vai decididamente pro brejo.

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