Venda da Embraer desagrada
A nova temporada de liquidações de patrimônio público promovida pela quadrilha que arrebata o poder prenuncia um voo de baixa visibilidade e mais dificuldades do que os vendilhões imaginam. Na maioria, os brasileiros de todas as colorações partidárias são contra as privatizações, fato confirmado por pesquisa do Datafolha desta semana.
Publicado 27/12/2017 10:20
No total, 67% da população se manifestou contrária às privatizações, mesmo entre aqueles poucos que dizem apoiar o governo golpista de Michel Temer, ainda que com margem apertada (51%). Contudo, mesmo entre os adeptos do PSDB, histórico entreguista, a folga é maior, com 55% de reprovação.
Cada vez mais, fica claro que as privatizações vão muito além do aspecto econômico, pois ferem de modo agudo a soberania do país, a própria segurança nacional, no sentido militar. A tese neoliberal do “estado mínimo” significa, em verdade, um estado de poucos, alinhados a interesses globais, imperialistas. Antenado, o povo já percebeu o espírito da coisa.
No momento, está em negociações e venda da Embraer, fabricante de aviões, à Boing ianque. Embora privada, pois foi privatizada por FHC, o estado brasileiro mantém uma participação acionária na empresa. Com esse naco, tem poder de veto em ações que envolvam tecnologias militares e garantia de reposição de peças e dos próprios aviões em uso, quando sucateados.
A Embraer nasceu e cresceu dentro da Aeronáutica brasileira e se tornou grande produtora mundial de aeronaves militares subsônicas, agrícolas, executivas e comerciais de até 150 passageiros. E agora está na alça de mira dos concorrentes civis e das casernas, de olho na sua sólida expansão. Seu caça Super Tucano já foi vendido até à Força Aérea dos Estados Unidos e tem encomendas em todos os continentes – são mais de 1.200 aviões a entregar.
É certo que nos dois governos de FHC (1995-2002) foi um festival de bondades, com estatais entregues a preço de banana, em todos os segmentos. A começar pelas do setor siderúrgico e pela mais emblemática de todas, a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), gigante da mineração. Todas elas estratégicas do ponto de vista econômico. A parte mais crítica, todavia, pelo ângulo da segurança, foi a das telecomunicações.