Tony Blair, mutilado de guerra

Tony Blair exerceu o posto de primeiro-ministro da Grã-Bretanha por dez anos. Nesse período chegou a ser tido como a liderança política mais popular da Europa. Agora deixa o posto rejeitado pela ampla maioria dos britânicos. É auspicioso que tal rejeição

Blair foi a “voz cantante” de Bush na Europa. Com fama de bom orador, usou e abusou do verbo defendendo em prosa e verso a política guerreira da Casa Branca. Londres e outras cidades do Reino Unido foram palco de grandes e continuadas manifestações pela paz e contra o engate do país na aventura guerreira de Bush. Estabeleceu-se, portanto um fosso entre ele e a consciência de amplas camadas dos ingleses.


 


Blair envolveu as forças britânicas em cinco conflitos: Iraque (1998), Kosovo (1999, foi recebido como herói ao visitar um campo de refugiados), Serra Leoa (1999), Afeganistão (2001) e Iraque (2003).


 


Ao Iraque Blair enviou 46 mil soldados. Até janeiro de 2007 torrou 6,5 bilhões de libras nessa aventura. Até a derradeira conta, 130 soldados britânicos haviam sido mortos. No curso dessa empreitada, Blair e seu governo foram flagrados numa grossa mentira. Para justificar a guerra, ele afirmou que o Iraque tinha potentes armas de destruição em massa. Os fatos demonstraram a manipulação dos serviços de inteligência e Blair foi acusado de ter persuadido a cúpula desse setor do governo para “exagerar” o conteúdo do dossiê sobre armas do Iraque.


 


Blair rejeitado em seu país, presença incômoda para seu partido, ele recebeu, por iniciativa do governo Bush, um prêmio. Foi nomeado pelo Quarteto de Madrid (EUA, Rússia, União Européia, ONU) como uma espécie de comissário “para paz no Oriente Médio”. Pelo currículo do agraciado parece um equívoco o título da missão.


 


Que o Tony Blair de hoje seja o Bush de amanhã.


 


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Outro dia, com estilo e pompa, na GloboNews, Gabeira foi apresentado com o epíteto de “reserva moral do Congresso Nacional”. Assim com rima e tudo. De fato, a situação é, no mínimo, confusa. Ao ver o falante deputado carioca, veio à mente a letra do samba: “pra subir você desceu…”


 


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Além de Gabeira, o PSOL com o “Fora Renan” passa a praticar um “lacerdismo” de ocasião. A mídia e o conservadorismo lhe retribuem com a moeda esperada: alguns segundos de glória no telejornal que passa antes da novela. Parece não ter fundo o poço no qual desabam aqueles que vedam os olhos e não se perguntam a quem serve os tiros que disparam.

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