Temer mente até na ONU

O discurso do presidente golpista Michel Temer na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque (EUA) a 19 de setembro, além de bem fraco, foi bastante falso. Uma salada de invencionices pra chinês ver, sem entusiasmo, envergonhado, como menino que mente.

Há 70 anos, o Brasil ganhou a posição de primeiro a falar nesse evento anual. Em lugar de uma fala propositiva, empolgante, no entanto, ele se resumiu a defender medidas que têm sido por seu governo apresentadas no plano nacional, a justificar suas políticas relativas à Amazônia e a criticar a vizinha Venezuela.

"O Brasil atravessa momento de transformações decisivas. Com reformas estruturais, estamos superando uma crise econômica sem precedentes. (…) Recobramos a capacidade do Estado de levar adiante políticas sociais indispensáveis em um país como o nosso", afirmou Temer, de forma tão monótona que provocava sonolência na extensa plateia.

Deixou no ar aos demais chefes de estados e de governos que políticas sociais irá “levar adiante”, uma vez que aqueles bem-informados sabem do quanto seu governo já meteu a tesoura em investimentos na área social, especialmente em saúde e educação.

Ele afirmou que seu governo está preocupado com demonstrar “responsabilidade fiscal”, pois, sem ela, “a responsabilidade social não passa de um discurso vazio”. Não revelou, contudo, o que significa a tentativa que vem fazendo de ajuste fiscal, que implica redução de direitos, como o tempo de trabalho necessário pra o trabalhador e trabalhadora se aposentar.

Num raro momento em que falou a verdade, ou meia-verdade, ele disse que “o novo Brasil que está surgindo das reformas é um país mais aberto ao mundo". Ao dizer “mais aberto”, na prática, ele queria dizer “escancarado”, em especial ao capital financeiro e aos grandes grupos que abocanham recursos naturais.

Amazônia

Este, aliás, foi outro tema do seu discurso, em tom defensivo, como que tentando dar explicações ao mundo. Trata-se da preservação de florestas tropicais, mais propriamente do desmatamento da Amazônia, o que preocupa não apenas os demais países da região, mas o mundo inteiro.

De modo vago, o presidente tupiniquim afirmou:

— Trago a boa notícia de que os primeiros dados disponíveis para o último ano já indicam diminuição de mais de 20% do desmatamento naquela região. Retomamos o bom caminho e nesse caminho persistiremos”.

Mais do que outra qualquer, a afirmação é uma inverdade flagrante. Ele não diz, por exemplo, de onde tirou esse percentual de desmatamento, que não condiz com as informações produzidas por órgãos do próprio governo.

Tampouco explica medidas que adotou no sentido de sinalizar pela liberação de grandes áreas de florestas nativas no Pará e Amapá a poderosos grupos madeireiros e mineradores.

No mundo

Na assembleia anual da ONU era bastante aguardado o discurso do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que estreou prometendo mais violência ao redor do mundo. Ele disse, por exemplo, estar disposto a “destruir totalmente” a Coreia do Norte, “caso não tenha outra escolha”.
Trump e Temer se encontraram rapidamente num jantar às vésperas da assembleia, onde foi discutida a situação da Venezuela, com representantes antissocialistas daquele país. Nesses temas, Temer disse haver “coincidência de posições” entre eles.

De qualquer modo, o debate sobre o cenário internacional ficou esvaziado nesta sessão da ONU, pela ausência dos mandatários da Rússia, Vladimir Putin, da Alemanha, Angela Merkel, e da China, Xi Jimping.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor