Deserto de abelhas

Em todos os biomas existentes no Brasil, o desmatamento tem crescido exponencialmente nos últimos anos, com destaque ao Cerrado e à Amazônia. O despencar da madeira, por mais ruidoso que seja, no entanto, não é o principal estrago que está sendo feito. Junto, desaparece toda vida silvestre, inclusive sua fauna, muitas vezes invisível – e aí é que o bicho pega.

Nem vamos falar de lobo guará, tatu, ema, seriema e outros animais de patas ou de penas, tampouco dos invisíveis, como a pulga d’água. Um caso, em especial, tem chamado mais a atenção. É o das operárias da mata, as abelhas, cuja existência vem sendo severamente ameaçada, com a drástica redução de seus contingentes e do número de exércitos que formam suas colmeias.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 70% dos alimentos cultivados no mundo dependem do pólen das abelhas pra chegar aos consumidores. Só que a população de abelhas vem decrescendo rapidamente e, no caso brasileiro, isso se deve ao desmatamento, ao fogo, ao uso abusivo de agrotóxicos, ao modelo agropecuário dominante no país, enfim.

A presença delas se faz notada na forma de mel, mas seu maior valor está na polinização das plantas, o que, no fim das contas, é a reprodução da vida, nada mais, na menos. Elas têm, pois, relevante papel econômico, além do ecológico, que é o mais evidente.

As abelhas passam seus dias coletando néctar pra produzir o mel. No entanto, nesse trabalho elas ficam cobertas de pólen, que é o espermatozoide das plantas, e por elas é espalhado pela mata. Assim, irá fecundar outras flores e fazer com que elas se transformem em frutos.

Estatísticas do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) dão conta do estrago que está ocorrendo no Brasil. Mas, são vagas, imprecisas, fato que é creditado pelo órgão à escassez de pesquisas detalhadas e sistemáticas sobre o tema.

De todo jeito, tanto nos meios governamentais quanto nos científicos, é viva a certeza de que o problema existe, e é grave.

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