Um feito histórico para a classe operária

Está em curso uma iniciativa histórica para o movimento sindical. Pela primeira vez desde 1999 (governo FHC), entidades metalúrgicas de todo o País têm se reunido para traçar uma agenda comum e unificada de lutas. Em meio a um cenário tão adverso para o conjunto dos trabalhadores, essas entidades demonstram disposição para superar as diferenças entre si e construir os consensos necessários rumo aos embates.

As reuniões começaram sem alarde, no final de julho, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo. Na opinião de todos os dirigentes participantes, uma série de fatores tende a empurrar o sindicalismo, nos dias de hoje, para uma fase de defensiva.

Não bastassem os efeitos da crise mundial do capitalismo iniciada em 2007/08, a categoria metalúrgica é vítima da desindustrialização da economia brasileira e de uma recessão recorde. Para manter seus lucros, os empresários investem na reestruturação produtiva e promovem uma ofensiva sem precedentes contra o emprego formal. A reforma trabalhista tira direitos e garantias dos trabalhadores, além de atacar o movimento sindical e a Justiça do Trabalho.

O resultado: desemprego em alta, precarização das relações de trabalho, campanhas salariais mais duras e desrespeito aos sindicatos. Desde 2014, segundo o Dieese, a categoria metalúrgica perdeu 544 mil empregos. Foi-se embora o ciclo virtuoso da Era Lula – em que o movimento sindical conquistou sucessivos aumentos reais, ampliação dos benefícios (sobretudo os econômicos) e a política de valorização do salário mínimo.

A união e a resistência das entidades metalúrgicas para enfrentar a turbulência consistem num imperativo inadiável. No caso da FITMETAL (Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil), trata-se da reafirmação de uma bandeira histórica. Desde nossa fundação, em 2010, defendemos a unidade do movimento sindical, em especial no setor industrial.

Ao aprovar sua filiação à CTB, em maio passado, a FITMETAL reforçou seu caráter classista e declarou, uma vez mais, que a luta das entidades metalúrgicas devia ir além da pauta trabalhista. Não por acaso, a CTB e a FITMETAL, em parceria com dezenas de sindicatos, lançaram, em julho, a Campanha em Defesa da Indústria Nacional, do Emprego e da Retomada do Crescimento Econômico.

Agora, a construção de um bloco metalúrgico estimula nossa capacidade de resistir, combater e vencer os desafios da atualidade. Além da Fitmetal, lideram essa iniciativa a CNM/CUT, a CNTM, a CSP-Conlutas, a Federação Democrática dos Metalúrgicos de Minas Gerais, a FEM-CUT, a FemetalMinas, a Intersindical e metalúrgicos da UGT. As entidades de base ligadas a essas organizações também estão mobilizadas.

Em pouco menos de um mês de debates, já avançamos na definição de duas agendas das mais importantes para a classe operária brasileira: a convocação, para 14 de setembro, de um Dia Nacional de Lutas e a realização, em 29 de setembro, da 1ª Plenária Nacional dos Trabalhadores da Indústria. Nas duas atividades, está prevista a participação de metalúrgicos de diversas centrais e tendências sindicais.

Com o lema “Unir e Resistir – Por Nenhum Direito a Menos”, essas entidades prometem fazer história na luta contra o fim de direitos e os retrocessos. Os sindicatos e as federações em campanha salarial já estão em alerta para impedir que as empresas imponham a reforma trabalhista. A ordem é lutar para que convenções e acordos coletivos sejam ratificados, ampliados e fortalecidos.

Mas a grande mobilização unitária das entidades é, sem dúvida, o trunfo que pode virar o jogo a favor da classe operária em geral e da categoria metalúrgica em particular. Que esse feito histórico ajude o movimento sindical a forjar um novo ciclo de êxitos e avanços.

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