Divisão é ultraje à causa palestina

Todos que são solidários com a justa causa palestina não têm como ocultar o pesar pelo confronto fratricida que se irrompeu em Gaza. Sangue palestino sendo derramado por palestinos é um ultraje à gloriosa luta desse povo que já deu ao mundo tanto exemplo

É certa a opinião de analistas de que a prolongada ocupação israelense é uma das causas destacadas dos conflitos entre Hamas e Fatah. Quarenta anos de cruel ocupação além de ter ceifado um sem-número de vidas, provocam um efeito corrosivo sobre a esperança e a perspectiva dessa luta.


 


 


Todavia, a divisão das principais forças políticas palestinas que passam atirar no seu próprio povo, objetivamente, faz o jogo do imperialismo e do governo títere de Israel.


 


 


Depois da ocupação, os palestinos concluíram que para empreender a resistência contra um inimigo tão poderoso se impunha a criação de uma organização que unificasse e liderasse todas as forças políticas palestinas.  Com este objetivo em 1964 foi criada a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) que desde então assumiu o comando do conjunto da luta. Yasser Arafat, em 1969, passa ser o líder mais destacado da OLP, ele que 1958 ajudara fundar a Al Fatah, uma forte organização guerrilheira.


 


 


Décadas e décadas de luta, a causa palestina sob a chefia de Yasser Arafat conquistou uma vitória parcial. Foi criada a Autoridade Nacional Palestina que passou administrar em condições muito difíceis a Cisjordânia e a Faixa de Gaza.


 


 


Em 2004, aos 75 anos faleceu Yasser Arafat. Fontes árabes não descartam que ele tenha sido criminosamente envenenado. Durante meses ficou sitiado pelas tropas de Israel no seu quartel-general, em Ramallah. Em que pese às adversidades, ele conseguiu, no seu tempo, manter aglutinadas as facções políticas palestinas. Com seu desaparecimento, a lideranças assumiram o complexo desafio de dar continuidade ao seu legado.


 


Em janeiro do ano passado, quando o Hamas saiu vitorioso das eleições palestinas, o imperialismo estadunidense e o Estado de Israel desencadearam uma campanha para que o resultado não fosse reconhecido. Ao mesmo tempo, explorou o episódio fomentando a divisão entre as forças políticas com o objetivo de debilitar a Autoridade Nacional Palestina.


 


Depois de muitas negociações patrocinadas pelo mundo árabe, foi possível constituir um governo de União Nacional formado por nove ministros do Hamas e sete do Fatah. Tal fato foi uma vitória da causa palestina. Contudo, as tensões entre as partes nunca cessaram.


 


O presidente da Autoridade Nacional Palestina Mahmoud Abbas, depois dos violentos combates ocorridos na última semana em Gaza resolveu dissolver o governo e decretou “estado de emergência em todas as terras da Autoridade Palestina, por causa da guerra criminosa na Faixa de Gaza e de um golpe militar”.


 



A causa palestina vive um momento de grave crise. Impõe-se às forças vivas do povo palestino, da nação árabe, encontrar saídas para esse trágico contencioso. Sabe essa brava e heróica nação árabe que conta com o apoio decidido de forças progressistas do mundo inteiro, inclusive, no Brasil onde sempre teve forte respaldo.

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