O impasse golpista 

Apenas as pessoas muita ingênuas ainda tem dúvidas de quem planejou e executou o atual golpe no Brasil – e nos demais períodos históricos – bem como a pauta, a real motivação desse ataque contra a democracia.

Como sempre o império americano, através de sua central de espionagem (CIA), faz o planejamento geral, define a pauta básica, e encarrega a direita brasileira da agenda operacional: desacreditar as forças progressistas, semear o terror, alimentar instabilidade e oferecer uma saída milagrosa para o caos, real ou imaginário.

No golpe atual, os operadores e seus objetivos sempre estiveram bem claros: interromper a política de desenvolvimento com inclusão social, retomar a entrega do patrimônio nacional aos estrangeiros e parar as investigações que eles, até então, direcionavam quase que exclusivamente contra a esquerda e, em especial, contra Lula.

Mas o objetivo central, estratégico, do império americano e seus executores no Brasil é algo ainda maior: destruir uma das mais importantes economias emergente do planeta, essencial a consolidação dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e, portanto, competidora potencial em médio prazo dos Estados Unidos da América. É simples assim. É isso que está em jogo.

Alguns golpistas já estão cassados e presos, outros estão a caminho.

E isso permite que se compreenda porque aqueles que se apresentavam como líderes do golpe (Aécio, Temer, Eduardo Cunha, Agripino Maia, etc.) estejam destruídos, moral e politicamente. Alguns já perderam o mandato e estão presos; outros na iminência de serem; e Temer é um zumbi errante a infernizar a nossa vida. E por que não cai?

Primeiro porque os golpistas não chegaram a um acordo de quem substituiria Temer. Estão com dificuldade de encontrar alguém para continuar o trabalho sujo. E depois porque, apesar de destruído moralmente, flagrado em aberta corrupção e odiado pelo povo, como revelam as pesquisas de opinião, ele ainda tem alguma utilidade para os golpistas. Na lógica do império americano, enquanto ele continuar executando a agenda de ataque à nossa soberania e aos direitos sociais e laborais dos trabalhadores ele fica.

A conclusão, portanto, é simples: os golpistas estão no ocaso, não o golpe, cuja agenda antipovo continua avançando no congresso, apesar da brava e patriótica reação de alguns poucos, onde se inclui a bancada do PCdoB, do PSOL, parte da bancada do PT, PDT, Rede e lideranças isoladas do PMDB e do PSB.

Parar a ofensiva golpista, portanto, é a tarefa central. E para isso é necessário mais do que declarações de princípios. É preciso buscar todos, indistintamente, que por qualquer razão sejam contra as antirreformas de Temer.

O critério para as alianças não pode ser golpista x não golpistas. Até porque, nesse caso, nós, do PCdoB, não teríamos como fazer aliança, na medida em que dos 11 parlamentares federais do Amazonas (08 Deputados Federais e 03 Senadores) apenas a Senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB) votou contra o golpe. Seria nós e nós!!

Nosso objetivo deve ser atrair todos que estejam contra retirar direitos dos trabalhadores e acabar com aposentadoria do povo. Quem estiver de acordo com essa pauta é bem vindo, independentemente de suas reais motivações, muita das quais nada republicanas, não sejamos ingênuos.

Mas despreza-las seria ignorar e desconhecer que a classe dominante tem contradições secundárias, as quais um estrategista atento não pode deixar de aproveitar em benefício dos trabalhadores.

Quem não entende isso é ingênuo ou cínico. Alguns não querem mudar nada e ajudam a manter a direita no governo porque no fundo não estão preocupados com os destinos das pessoas e sim com os seus interesses menores. É a oposição que a direita adora.

É imperioso que não percamos de vista o que efetivamente está em jogo. Pois se alguns golpistas estão cassados, presos e outros na eminência de serem, não nos esqueçamos que os reais operadores do golpe – a CIA americana – continua agindo livremente.

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