O Congresso do Partido dos Trabalhadores e a luta pela unidade

Começa nesta quinta-feira (1º/6), em Brasília o Congresso do Partido dos Trabalhadores (PT).

É importante, mirando desde a perspectiva da acumulação de forças progressistas, que seja coroado de pleno êxito, que o PT consiga unir-se em torno da nova direção a ser eleita, da liderança de Lula, de um programa de mudanças estruturais para o país e de uma política de unidade com os comunistas e demais forças progressistas. E, como questão mais imediata, que mantenha com firmeza a decisão de lutar pelas Diretas já. Em momentos como o que o país está atravessando, sempre relembro a memorável campanha de 1989, quando Lula, Arraes e Amazonas fundaram a Frente Brasil Popular e o velho comunista dizia: “A unidade é a bandeira da esperança”.

É ocioso dizer que o momento que estamos vivendo é um dos mais difíceis para as forças de esquerda no Brasil. A derrota política e ideológica que sofreram no curso do golpe de Estado parlamentar, judicial e midiático de 2016 tem efeitos nefastos para todos os partidos desse espectro, que já se fizeram sentir nas últimas eleições municipais de outubro do ano passado. Um ambiente que torna dolorosos os debates sobre avaliações da performance dos governos progressistas liderados pelo PT, escarifica feridas e suscita novas e maiores fragmentações, na medida em que comparecem também apurações sobre as responsabilidades individuais e coletivas por erros e desvios.

Tudo o que querem o governo golpista e seus sequazes nas cúpulas e maiorias das duas casas congressuais, na mídia e em todos os bunkers em que estão entrincheiradas as forças reacionárias é que o PT saia dividido e enfraquecido deste congresso. Que se desmoralize, perdendo as condições de ser uma das forças destacadas, ao lado dos demais partidos e lideranças progressistas e do movimento popular organizado, na luta pelas eleições diretas já e contra as reformas antissociais e antinacionais do governo golpista de Michel Temer. Por isso, nos últimos dias têm sido insistentes os rumores, plantados pelas partes interessadas, de que há uma forte ala no Partido dos Trabalhadores conluiada com o presidente da Câmara, com o qual supostamente se comporia na manobra divisionista e traiçoeira das eleições indiretas em caso de queda de Michel Temer. Nesse quadro, um contundente pronunciamento unânime do Congresso petista pelas Diretas Já será fato político com influência decisiva na evolução da situação política.

A frase acima citada do saudoso camarada João Amazonas guarda toda a atualidade e é carregada de ainda maior significado. Desde 1989, os comunistas e os setores lúcidos e consequentes do PT esforçam-se mutuamente pela concertação do que ambas as partes já denominaram de “aliança estratégica”, para além dos embates eleitorais.

Uma aliança complexa, difícil, acidentada, atravessada por duros embates pela conquista de espaços nos âmbitos dos movimentos populares e nos períodos eleitorais. Muitas vezes também por diferenças acentuadas de avaliação sobre a conjuntura e os melhores caminhos estratégicos e táticos para enfrentar os desafios nacionais, e pelas distintas concepções teóricas que norteiam cada um dos partidos. Malgrado tudo isso, é uma aliança necessária, indispensável, se se considera a prioridade de construir uma ampla frente democrática, popular, patriótica, anti-imperialista nucleada pela esquerda.

A reafirmação de identidades é necessária para a manutenção do fio vermelho de coerência de cada partido. Da parte dos comunistas sempre haverá franqueza ao expor as próprias concepções teóricas e avaliações sobre a conjuntura.

Para além disto, os comunistas, ao renovar seus votos de êxito ao congresso petista, deixam de lado demarcações fúteis, marcadas por interesses funcionais e sectarismo. Até porque é preciso que todas as forças de esquerda compreendam que não só é impossível trilhar o caminho da unidade contornando o PT ou demarcando-se dele com táticas típicas do ultra-esquerdismo pueril e do senil oportunismo de direita.

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