Foco: eis o desafio*

Toda pessoa lida diariamente com desafios, sejam eles pessoais, acadêmicos, de trabalho ou até políticos. Para conviver ou até mesmo resolver um determinado problema, a solução é sempre a mesma, se concentrar nos maiores e administrar os menores, ou seja, priorizar o que é mais urgente.

Esta priorização de uma urgência só tende a dar certo se a pessoa se esforçar, quase que de maneira integral no que quer resolver. Em resumo, para se conseguir realizar um objetivo é preciso foco.

Um exemplo simples pode ser um curso de graduação. Para a pessoa se formar, é necessário que tenha foco, caso contrário nunca conseguirá. É verdade que alguns “enrolam” por diversos motivos, mas só se chegará ao objetivo final, que no caso é o diploma, se tiver foco no próprio estudo.

Este raciocínio simplório é o que fazemos em nossa vida todos os dias. Simples, não é? Nem tanto para alguns quando mudamos o foco da vida pessoal para a grande política.

Está previsto até o fim deste mês de Março a votação da famigerada Reforma da Previdência que, em resumo, vai fazer com que os trabalhadores e trabalhadoras simplesmente não se aposentem. O mais lógico, portanto, seria foco total em barrar esta reforma. Correto? Para alguns não…

Parte significativa da esquerda responsável (de maneira inexplicável) tem uma enorme dificuldade de compreensão disto. Basta ver o que aconteceu, a título de exemplo, nas redes sociais sobre o jantar de um intelectual com um juiz recentemente.

Milhares de comentários, memes, compartilhamentos de fotos, etc. E a que se propunham todos e todas que assim agiram? Grosso modo fazer fofoca. É duro dizer isto, mas é fato. Ficar fofocando e opinando sobre a vida pessoal das pessoas. Algo totalmente sem sentido e hipócrita.

O que as pessoas fazem ou deixam de fazer em sua vida pessoal não diz respeito a ninguém, por acaso a pessoa ser de direita, ou de esquerda, ou nada a impede de conversar com pessoas de opiniões ideológicas diversas? Bradamos tanto contra o ódio e a intolerância dos seguidores de Bolsonaro e afins para condenar as pessoas publicamente com base em fotos de jantar? É assim que queremos mudar as coisas? Respondendo a intolerância com a intolerância?

Estas atitudes são de uma irresponsabilidade tremenda, não se faz (ou se analisa) política pensando como torcida organizada de futebol, onde só está do meu lado quem torce pro meu time, isto é um erro.

Fazer política é dialogar com tudo e todos, sem cair no erro do isolamento sectário que não ajuda em nada a luta real por um país mais justo e soberano. Além disso, fazer política é, na essência, saber conviver com a divergência em busca de um denominador comum e, principalmente, respeitar as pessoas, lembrando que no fundo elas são seres humanos.

Sinceramente, pouco importa com quem os indivíduos jantam, ou saem, ou namoram. O que importa é o que fazem em sua profissão, como agem no seu dia a dia ou como se comportam politicamente, isto, sim é de interesse público, ou seja, olhar para o que importa, denominamos foco. E isto é o que mais anda faltando em parte da esquerda. Foco! Foco!

Lembrar que temos uma reforma da previdência para barrar e um governo golpista para denunciar é muito, mas muito mais importante que qualquer outra pauta. E saber que além de ter foco precisamos ter respeito com a vida pessoal das pessoas mais ainda.

Não se combate fogo com fogo, não é porque parte da direita age assim (como MBL, por exemplo) que devemos fazer o mesmo. O que nos diferencia não pode ser perdido, perder a essência é o início de qualquer derrota, seja ela no campo das ideias, seja ela no campo de batalha.

Pense nisso!

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