O carnaval do Fora Temer

Manifestações de protesto contra autoridades, no bojo de eventos festivos, não são necessariamente um fato inusitado. Mas o carnaval, pelo seu alcance e magnitude, a rigor, não tem sido palco desses protestos. Sua “liturgia” tem por tradição não dialogar com nada que não seja carnaval.

 Por isso mesmo os protestos contra Temer, que se multiplicaram e se agigantaram país afora, tiveram tanto repercussão. Os foliões, que a rigor só querem extravasar, se uniram em vigorosos brados de Fora Temer.

Obviamente que os principais veículos de comunicação registraram apenas protocolarmente esses protestos. Tentaram até mesmo ridicularizar e caricaturizar tais manifestações, tentando passar a ideia de um protesto geral contra a política quando as evidências mostram o contrário.

Se é verdade que há um desencanto geral com a política, é igualmente verdadeiro que os protestos carnavalescos tinham direção certa: Temer e sua agenda (dele e daqueles com ele deram o golpe) de agressão aos direitos do povo.

Mas, como a prática é o critério da verdade, nem mesmo o mais engenhoso propagandista vai conseguir evitar que a população veja a política de Temer e seu consórcio golpista como de fato ela é: medidas que atentam contra o povo e seus direitos, e claramente a favor da elite rica de sempre.

Os exemplos são abundantes. Mas, para efeito didático, destaco os principais ataques contra o povo até o presente: congelar despesas públicas e salários por 20 anos; impor 49 anos de contribuição e 65 anos de idade mínima para se aposentar; reservar R$ 870 bilhões de reais do orçamento para pagar juros a banqueiros e especuladores; reprimir manifestações públicas pacíficas; tentar aumentar a jornada de trabalho diário para até 12 horas; e entregar 100 bilhões de patrimônio para empresas de telecomunicações privadas falidas.

Assim, os protestos não foram contra algo abstrato e nem mesmo pelo escassez de popularidade de Temer, registrada abaixo dos 10% em qualquer enquete. Foram contra uma política, mais do que contra uma pessoa.

E esse pacote de maldades começa agora chegar nas Assembleias Legislativas, através de mensagens dos governos locais, procurando pegar carona na cruzada temista anti-povo. Até mesmo estados, como o Amazonas, cuja dívida é residual – menos de 1/3 do orçamento – já se prontificou a atender a “recomendação” de maldades de Temer.

Eles botaram a cara. Agora é hora do povo botar a sua. O carnaval foi o ensaio.

Avancemos!

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