Consciência e contribuição militante

Parece ocioso dizer que só nos responsabilizamos por algo cuja importância e influência em nossas vidas nos parece compreensível e real.

E que traduzimos essa responsabilização através de gestos, muito além do mero discurso.

Vale para o time de futebol de várzea, para a troça carnavalesca, a quadrilha junina, a liga de dominó, a igreja, o centro espírita, o terreiro e assim por diante.

Todos esses exemplos, assim tomados ao acaso, nos falam de duas percepções: a de pertencimento a um grupo de interesses afins; e a participação num espaço de convivência.

Quando a responsabilização implica algum grau de comprometimento financeiro, a porca entorta o rabo.

Certo ou errado? Totalmente errado!

Poderia citar inúmeros exemplos de gente muito pobre e em condições de subsistência precárias que, assim mesmo, contribuem regularmente para alguma forma de organização movida por intenções e interesses coletivos.

Cito dois exemplos muito vivos, em plena crise que vivemos.

Um, a população pobre dos nossos bairros de periferia ou do leito do canavial da Zona da Mata, que contribui mensalmente para a agremiação carnavalesca a que pertence, na perspectiva dos poucos dias de carnaval.

Dois: a Campanha do Quilo, realizada há décadas pelos centros espíritas, que arrecada contribuição financeira nas ruas em favor de sua ação social. Aqui no Recife, a coleta feita de casa em casa nas comunidades mais pobres arrecada mais do que a realizada nos cruzamentos das principais ruas e as realizadas nas áreas habitadas pela população mais abastada – conforme me informou uma jovem espírita, dias atrás.

Tal há que acontecer com um partido político como o PCdoB, que se diferencia dos demais por reunir uma militância esclarecida, consciente e permanentemente ativa.

O PCdoB é necessário ao Brasil e à luta do povo? O organismo partidário a que você pertence funciona como um espaço de debate e de convivência, que esclarece e orienta para a luta e fomenta a troca de experiências e a amizade entre seus membros? Utiliza de modo simples e eficiente um grupo de WhatsApp constituído pelos seus membros? Faz reuniões regulares e prazerosas?

Se a resposta a essas perguntas é positiva, estão criadas as condições para que se implemente a contribuição mensal militante, conforme as possibilidades de cada um.

Esta é uma determinação estatutária, umas das obrigações do militante. Porém muito mais do que um dever estatutário há de ser a expressão do comprometimento espontâneo e consciente do militante – que assim se sente corresponsável pela sustentação material do Partido.

Na atual conjuntura, em que o PCdoB é chamado a reagir na sua melhor tradição de combatividade na adversidade, motivado inclusive pelo protagonismo dos comunistas na recente luta contra o impeachment, o ambiente é favorável para um amplo movimento nacional de regularização da contribuição individual nas fileiras partidárias.

Que encaremos o desafio com criatividade, entusiasmo e leveza – para que tenhamos de imediato a melhor resposta.

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