O estilo vampiro

E se Jeany Mary Corner resolver falar? Praticantes do ilícito civil da infidelidade que se expliquem em casa.


   

Domingo passado, como de costume pós-plantão, passei o dia entre dormindo e ″ mornando″ , lendo jornais e revistas, comendo e pensando na vida; constatei que até as eleições de outubro as novidades serão poucas, fora algum furo de quem deitou com quem, que não interessa, se não foi no mercado da prostituição pago com maracutaias que sangram dinheiro público.
   
E se Jeany Mary Corner resolver falar? Praticantes do ilícito civil da infidelidade que se expliquem em casa. Mas, como boa comerciante, ela não endoidou, pois não rasga dinheiro, e não abrirá mais a boca enquanto estiver sendo bem paga. Tá certa.


   
Os partidos nem cogitam propor nada. Só pensam em ″ exsanguinar″  os adversários. Heloísa Helena (na IstoÉ) bradou: ″ Quem for podre que se quebre! Assim eles serão tratados no embate eleitoral″  após ter dito que ″ é fato que setores importantes da sociedade trabalham de forma sofisticada e desprezível para legitimar a falsa polarização PT e PSDB. Mas a eleição não é só PT versus PSDB″ . Tá certa. Mas perdeu o rumo.


   
Adoraria que ela se viabilizasse como uma saída emocionante. Não há indícios. Fora uma saudaçãozinha no último 8/3, pouco se lixa para as mulheres!


   
Seria um bom começo se anunciasse um gesto de boa vontade, tipo o piso mínimo da presidenta Michelle Bachellet: ″ paridade entre mulheres e homens″ , algo que nos fizesse lembrar de Murilo Mendes, em ″ Eu vim″ : ″ Eu não nasci no começo desse século./ Eu nasci no plano do eterno./ Eu nasci de mil vidas superpostas./ Nasci de mil ternuras desdobradas. (…) Eu vim para experimentar a dúvida e a contradição./ E aprendi que é preciso idolatrar a dúvida″ .


   
Porém, teremos uma campanha eleitoral ao estilo vampiro de fazer política. Como não cumprir esse destino tedioso que as candidaturas nos impõem? Eis a pergunta que os movimentos sociais precisam responder, embora sabendo que é difícil entender o momento.


   
Ouvir Clarice Lispector em ″ Não entendo″  é consolador: ″ Não entendo./ Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender./ Entender é sempre limitado./ Mas não entender pode não ter fronteiras./ Sinto que sou muito mais completa quando não entendo./ Não entender, do modo como falo, é um dom./ Não entender, mas não como um simples de espírito./ O bom é ser inteligente e não entender./ É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida./ É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice./ Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco./ Não demais: mas pelo menos entender que não entendo″ .



 

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