Temer: o escárnio como método

Quem tem clareza que o estado – qualquer estado – nada mais é do que um instrumento de opressão e dominação da classe dominante contra a classe dominada, não vai ficar impactado com o escárnio com que Temer e seus aliados estão “tocando” o Brasil.

Aqueles, todavia, que acreditam na democracia como valor universal, na possibilidade de conciliação de classes e, principalmente, na imparcialidade dos aparelhos de estado (Legislativo, Executivo, Judiciário) e seus adereços, como os meios de comunicação, certamente estão impactados, diria mesmo prostrados, com os métodos utilizados por Temer e com a complacência da “rede de proteção” erguida para proteger o mau feito, como diria a presidenta Dilma Rousseff.

O próprio presidente está denunciado pelos delatores de plantão. Sem mencionar toda a cúpula de seu governo, afora os que já se foram após serem alcançados por delações e revelações pra mais de comprometedoras.

as cifras de milhões, bilhões, já se tornaram banais. Os métodos pouco republicanos, para ser generoso, já viraram rotina, marca registrada do atual “governo”, como nomear ministro um amigo denunciado para lhe assegurar “foro privilegiado” e garantir uma vaga no STF para um seu auxiliar direto.

Mas o presidente precisava dar alguma satisfação a esse despautério, sob pena de levar a audiência de sua imprensa oficial para o volume morto da credibilidade, que já é pouca.

Foi então que a engenhosidade golpista novamente se pôs. O presidente anunciou, pomposamente, que “se um ministro de meu governo virar réu será afastado”, bradou teatralmente o “ilegítimo”. Os incautos aplaudiram e os espertalhões deram gargalhadas.

E a razão da gargalhada é simples. Eles estão rindo na nossa cara, insultando a nossa inteligência. O presidente não precisava ser um operador do judiciário – como efetivamente é, ou foi – para saber que qualquer de seus auxiliares tem remotíssima probabilidade de virar réu até o eventual fim de seu curto e desastroso mandato.

E não é pela ausência de culpa e de provas contra seus auxiliares, mas pelo trâmite burocrático normal, além da eventual generosidade adicional, com a qual vem contando.

O que faz a “imprensa oficial” diante dessa sequência de escárnios? Dá notas de rodapé e mira no alvo de sempre: Lula.

Até onde o povo aceitará passivamente esse escárnio é o que todos estamos “pagando pra vê”!

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