Bandido não é mocinho

A cena era digna de roteiro de filme. Pessoas bem vestidas e comportadas dispensavam tratamento quase de vassalagem a um foragido da justiça, com prisão decretada por crime de corrupção.

Abraços, cumprimentos efusivos e os indefectíveis selfies eram apenas algumas das explícitas manifestações de tietagem dispensadas ao ator principal desse enredo mambembe: o empresário Eike Batista.

Embora estivesse sendo "caçado" pela Interpol, segundo anunciara o ministério público do Brasil, o "garoto de ouro da Forbes" passeava tranquilo pelo aeroporto de Nova Iorque sem ser molestado por qualquer policial, sugerindo que ou a Interpol perdeu a sua decantada eficiência ou a "caçada" anunciada não passava de uma mera “cena” desse filme novelesco.

No vasto aeroporto americano, onde deslumbrados brasileiros vão torrar dinheiro para alimentar a economia americana e aumentar o déficit brasileiro, os tietes do foragido da justiça por corrupção são os mesmo que até recentemente batiam panelas nas manifestações de, em tese, combate a corrupção.

Mas eles podem até ser deslumbrados, não ingênuos. Sabiam perfeitamente que aquilo era apenas a “cortina de fumaça” para encobrir o real propósito e objetivo daquelas manifestações financiadas pela CIA e pela classe dominante local: depor a presidenta Dilma para interromper a politica de inclusão e reafirmação de nossa soberania, deixando livre o caminho para a volta da política neoliberal, onde as reformas fiscal, política, previdenciária, trabalhista e de telecomunicações, são apenas a parte explicita desse conjunto de agressões contra o povo e a soberania nacional.

Por isso nenhum deles se constrangia em paparicar um corrupto publicamente. Eles nunca se preocuparam com a coisa pública, salvo de quanto eles podem se apropriar dela, como, aliás, disse o próprio Eike Batista ao sugerir que pagava propina e corrompia executivos para viabilizar seus negócios. Só não disse que ele pagava 1 de corrupção e lucrava milhões, bilhões.

Mas, independente de qualqier explicçao teórica ou sociológica outro dia um motorista de taxi, em são Paulo, me deu uma explicação curta e grossa ao ser questionado porque o povo de São Paulo continuava votando no PSDB. Ele sapecou: aqui eles não são contra corrupção, mas sim quem pratica a corrupção; “se for o PT não pode, mas o PSDB pode”.

Simples assim. É preciso dizer mais?

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