Religiosidade paulistana

Desde 2007, o 21 de janeiro é comemorado Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. Instituída pela Lei nº 11.635, de 27 de dezembro de 2007, a data rememora o falecimento da Iyalorixá Mãe Gilda, do terreiro Axé Abassá de Ogum (BA). Vítima de intolerância religiosa a sacerdotisa foi acusada de charlatanismo, sua casa foi atacada e pessoas foram agredidas, vindo ela a falecer em 21 de janeiro de 2000.

De acordo com a Ouvidoria da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, nos últimos anos, tem crescido o número de denúncias de discriminação religiosa. São centenas de denúncias que chegam, todos os dias, à Ouvidoria.

Atento à crescente demanda, e no intuito de oferecer uma resposta as estas denúncias, lançamos como nosso último ato à frente da extinta Secretaria da Igualdade Racial, uma pesquisa inédita sobre a religiosidade do paulistano, que nos revelou dados contraditórios aos estereótipos atribuídos as religiões de matrizes africanas.

Exemplo: entre 2000 e 2010, essas religiões registraram crescimento de 42%, mesmo considerando-se que muitos de seus adeptos preferem não identificar-se publicamente por medo de discriminação religiosa. O perfil dos seguidores das religiões afro-brasileiras demonstra que, atualmente, 60% são brancos, 23% têm ensino superior completo e 27% tem rendimento acima de 3 salários mínimos.

Também no mesmo período aumentou significativamente a adesão de negros às religiões pentecostais: pardos e pretos somam 37% da população da cidade, mas representam 48% dos fieis deste segmento religioso. Diferente do perfil dos “macumbeiros”, a pesquisa revela que os pentecostais negros têm uma menor escolaridade e também um menor grau de poder aquisitivo.

Resumidamente, o que a pesquisa revela é que aquele estereótipo de que os adeptos de Umbanda e Candomblé são negros e sem instrução é apenas mais uma faceta do racismo. A maioria dos adeptos dessas religiões são brancos, com boa formação e muitos de classe média ao lado de negros que também acompanham o mesmo nível econômico e educacional.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor