O presente de Natal de Temer é o Caos

Devemos lembrar todo dia do que ocorreu em 2016 para tentar evitar tragédias semelhantes no futuro.

A quantidade de tragédias e atentados contra a democracia e os direitos sociais e trabalhistas poderia sugerir, numa análise apressada, que 2016 seria um ano para esquecer.

Mas, não. É um ano para lembrar, pois só é possível corrigir ou evitar um erro ainda maior quando reconhecemos que erramos e ou identificamos as causas centrais que levaram àquele erro.

De nossa parte, de todos aqueles que faziam parte do projeto que se iniciou em 2003 com a eleição de Lula e se encerrou em maio de 2016 com o golpe contra a presidenta Dilma, há muito que refletir e se impõe a necessidade de um balanço autocrítico mais profundo.

Não ajuda respostas simplistas como as alegadas insuficiências teóricas e ideológicas do PT e mesmo a constatação de uma correlação de forças adversas. Disso todos já sabiam – ou deveriam saber – e era preciso ter capacidade de operar nessas condições, pois, como insistia Sun Tzu na sua tão citada e pouca estudada Arte da Guerra, “dirigir um ou um milhão é a mesma coisa, é apenas uma questão de método”.

Da parte da direita eles tinham mais clareza do que queriam. Sugaram e sabotaram o governo por dentro. Mesclaram apoios com eventuais embaraços e dificuldades para, aos poucos, obterem apoio à sua pauta regressiva e o consequente distanciamento do governo de sua base social original.

Quando o governo tentou uma solução híbrida – manter seus programas sociais e atender ao “deus” mercado – o impasse foi inevitável e nenhuma das partes se sentia contemplada. Ajudada por uma sistemática campanha midiática de críticas ao governo – previsível para qualquer um que tivesse noção do caráter do estado burguês – a perda acelerada de popularidade foi a consequência natural. O golpe parlamentar, em sintonia com o judiciário, foi apenas o assalto final, o check mate.

Mas essa parte da história já é conhecida ou aos poucos vai ficando evidente. E agora, também, vai ficando claro, para todos, o verdadeiro caráter do “governo” Temer.

O balanço é trágico.

A corrupção é sistêmica. Em 07 meses de gestão 07 ministros ou assessores diretos foram afastados por escândalos revelados pelas operações policiais/MP/judiciária em curso. Todos os indicadores econômicos indicam pioras, a economia não apresenta sinais de recuperação. O desemprego, crescente, já penaliza 12 milhões de brasileiros (as), especialmente jovens. Apenas 10% apoiam Temer, ou seja, 90% o rejeitam ou lhe são indiferente.

Mas ele segue determinado em aprovar as medidas regressivas que o “deus” mercado lhe exigiu: congelar despesas públicas por 20 anos; sacrificar aposentados aumentando o tempo de contribuição (49 anos) e de idade (65) para homens e mulheres; rasgar a CLT para que o trabalhador fique a mercê do patrão, especialmente num momento de elevada taxa de desemprego; e repassar R$ 100 bilhões de ativos públicos para as empresas privadas de telecomunicações, ação ainda não concluída.

Diante da eminente queda do “governo” Temer a pressão dos rentistas deve aumentar para que a pauta regressiva seja concluída o quanto antes, o que explica o desespero e mesmo manobras antirregimentais que os aliados dele tem feito para aprovar as medidas antipovo.

E essa pressão deve aumentar ainda mais com a revelação de que o governo gastou esse ano o dobro do que vinha gastando em anos anteriores, inclusive honrando emendas parlamentares de 2007(?!).

Mas parece que as panelas de porcelana das varandas gourmet pararam de bater. Estão abarrotadas com os R$ 870 bilhões que Temer reservou, no orçamento de 2017, para pagar juros aos banqueiros.

Mas devem estar frustrados porque ainda não receberam os R$ 100 bilhões de ativos públicos que Temer estava tentando repassar as falidas e privadas empresas de Telecomunicações, cujo ato criminoso foi temporariamente suspenso pela oportuna e patriótica ação patrocinada por senadores (as) de oposição, dentre os quais Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Paulo Rocha (PT-PA).

O “governo” acabou. Apenas e tão somente novas eleições diretas poderão garantir governabilidade e um novo rumo para esse majestoso país, cujo povo não tem culpa do governo que tem.

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