Toda forma de resistência vale a pena 

Como parte da correlação de forças adversa, que propiciou a consumação do impeachment da presidenta Dilma, emerge considerável dispersão entre as forças agora na oposição. Não apenas em razão da relativa fragmentação própria das eleições municipais, que configuram uma multiplicidade de alianças e projetos que põe em confronto, em âmbito local, correntes políticas que tendem a convergir em torno da questão nacional.

Há principalmente uma fragmentação resultante de diferentes juízos de valor acerca de questões cruciais da vida do país e, sobretudo, de discrepantes compreensões dos desafios práticos atuais.
Nesse contexto, não cabe açodamento na busca da necessária convergência; cabe sim, de modo sereno e generoso, muita paciência.

Entrementes, a resistência concreta às políticas anunciadas e medidas práticas adotadas e gestos de evidente teor reacionário emitidos do Palácio do Planalto pode e deve acontecer das mais diversas formas e trincheiras — no Parlamento, nas ruas, nas empresas, no bairro, nas escolas, nas redes sociais e assim por diante.

Toda forma de resistência vale a pena!

E este ainda é o instante em que a luta se dará de maneira relativamente dispersa ou, dito de outro modo, cada segmento social e representação política partidária toma as iniciativas imediatas que a vida impõe e se colocam ao seu alcance.

Às correntes mais consequentes — o PCdoB com destaque — cumpre trabalhar na construção de uma plataforma de lutas comum, que terá espaço tão logo se conclua o atual episódio eleitoral.
A necessidade de reformas estruturais – política, dos meios de comunicação, do sistema educacional, agrária, urbana, tributária e do sistema judiciário, a defesa e o fortalecimento do SUS -, agora sob condições mais difíceis, pois o golpe se desdobra em todas essas esferas, haverão de balizar a agenda da resistência.

Aí partidos e movimentos sociais serão chamados de fato a colocarem a nação e os interesses fundamentais do nosso povo como estandarte principal, respeitadas as diferenças político-ideológicas, rusgas pós-eleitorais e pleitos corporativos e setoriais.

Em tempos bicudos, a nenhuma força política cabe a presunção do exclusivismo na busca do indispensável acúmulo de forças através da resistência hoje para uma contra-ofensiva futura.

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