O teste das urnas

No dia 2 de outubro mais 100 milhões de eleitores irão às urnas para escolher 5.568 prefeitos (as) e seus respectivos vices prefeitos (as), bem como os 57.958 vereadores (as) das 26 unidades da federação, excetuando o Distrito Federal que não dispõe desse tipo de representação.

Nada menos do que meio milhão de pessoas estão nessa disputa. Mais precisamente são 496.888 candidatos e candidatas, sendo 33.513 disputando cargos majoritários e um grande exército de 463.375 pessoas disputando uma das vagas para vereador. É um vestibular bastante concorrido, numa proporção de 08 candidatos por vaga.

E se os golpistas não eliminarem a democracia representativa – esse é um dos objetivos do golpe – esse fenômeno se repetirá daqui a dois anos para os cargos nacionais e estaduais em todos os níveis, ou seja, majoritários e proporcionais. E assim sucessivamente.

Essa multidão de candidatos é predominantemente masculina, sendo 68% do sexo masculino e 32% do sexo feminino. O perfil socioeconômico é bastante variado. Oscila de empresários (uma grande parcela) a desempregados. O nível de escolaridade também é bastante distinto, incluindo 126.386 com nível superior; 211.420 do ensino médio; 144.766 do nível fundamental e até o registro de 14.300 pessoas que “apenas lê e escreve”, além de 6 analfabetos (sic), segundo o site do Tribunal Superior Eleitoral.

Tal fenômeno nos leva a concluir que não é razoável procurar estabelecer comparações do mundo político institucional com qualquer outra atividade. Num concurso público ou numa seleção de emprego na iniciativa privada – se a avaliação for criteriosa e imparcial – o maior atributo que um candidato deve possuir é seu próprio curriculum.

Numa disputa eleitoral tal atributo tem peso relativo ou inexistente. Alguém altamente qualificado pode não passar nas prévias, derrotado por alguém sem qualquer qualificação aparente. Mesmo o poder econômico – reconhecidamente com enorme peso nesse tipo de disputa – nem sempre é o fator preponderante. A subjetividade do eleitor é algo extraordinário, o que torna singular esse tipo de representação.

A grande virtude dos concorrentes nesse tipo de disputa é precisamente saber identificar e apreender a dialogar com essa subjetividade, tendo presente que a consciência é produto da realidade material objetiva. E que a nossa “verdade”, nem sempre é a “verdade” daqueles que pretendemos representar.

Ampliar a democracia – e não restringi-la como pretendem os golpistas – é a tarefa da ordem do dia. É através da prática continuada que o povo vai, crescentemente, melhorando a sua interpretação subjetiva e aprimorando a sua representação.

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