Olimpíadas da diversidade

Mas nem tudo que reluz é festa. Ângelo Assumpção, único ginasta negro que fazia parte da seleção brasileira, foi alvo de piadas racistas feitas por seus companheiros de equipe. O caso abafado, teve pouca repercussão na época, mas dentre os ofensores estava Arthur Nori, medalhista de bronze nestas Olimpíadas, que hoje se diz arrependido e desfruta da fama. Enquanto Ângelo sequer participou dos jogos e só foi lembrado para comentar o episódio lamentável por conta da vitória do colega.

Após defender um pênalti, a goleira Bárbara da seleção feminina de futebol sofreu uma ofensa racista na internet. Depois de apagar o post, o autor se defendeu dizendo que tudo não havia passado de uma brincadeira e usou o fato de ser casado com uma “linda mulher negra” para justificar a atitude.

A medalhista de ouro de Rafaela Silva emocionou a todos com sua vitória no judô. Ovacionada pela torcida brasileira nestes Jogos, havia sido ofendida por esta mesma torcida em 2012 e chamada de macaca no Twitter após aplicar um golpe ilegal nas Olimpíadas de Londres. O episódio além de lhe causar depressão, quase fez com que desistisse do esporte antes que conseguisse dar a volta por cima.

Estes foram apenas alguns episódios que na “vida real”, distante do lindo evento e do universo mágico dos Jogos, acontecem diariamente com os negros neste país, com a diferença de que não são expostos aos milhares de olhos ao redor do mundo.

Esperamos agora que esta mesma diversidade encontrada na festa e também durante os Jogos, quando nossa primeira medalha de ouro foi para uma mulher negra, da periferia e LGBT, também se reflita na sociedade como um todo. Pois provamos que quando há oportunidade, sem o olhar discriminatório de cor ou gênero, o Brasil é imbatível e medalha de ouro.