Terreno movediço

Com a votação no Senado que define a presidente Dilma Rousseff como ré em processo de impeachment, atinge nova fase a tendência da sua destituição do cargo de principal mandatária do País legitimamente eleita com mais de 54 milhões de votos, sem qualquer acusação que desabone sua integridade, desrespeito à Constituição, substituída pela ilegítima, anacrônica gestão Temer.

Mas como se afirmou não é possível falar em democracia real enquanto existir o monopólio da comunicação no Brasil em mãos de um restrito, privado grupo de poderosas famílias, com seus interesses, associadas ao capital financeiro global, às forças retrógradas e às demandas geopolíticas contrárias aos interesses nacionais.

Em consequência de tal formulação narrada por vários cientistas políticos, historiadores, jornalistas etc., pode-se dizer que a plena democracia no Brasil não foi consolidada até os dias atuais.

Quando se diz o contrário, superestima-se o relativo clima de liberdades democráticas com que convivemos desde a promulgação da Constituição de 1988. Porque a verdade é que a sociedade tem sido refém dos interesses da grande mídia monopolista, das grandes corporações financeiras e elites retrógadas a elas associadas ou submissas.

O proclamado espírito republicano na política é superficial e frágil já que é tolerado enquanto os interesses desse seleto grupo nativo e global não se encontram contrariados frente a qualquer cenário interno ou geopolítico mundial.

Num mundo em movediça transição a uma ordem global multilateral, conflitos sangrentos, desestabilizações de governos soberanos, sem um projeto estratégico de desenvolvimento a nação encontra-se desnorteada, à mercê de tempestades de ódios difusos, viralizados através das redes sociais, como denunciou Edward Snowden, ex-agente da CIA, e do oligopólio midiático.

O Estado nacional à deriva sob ataques da financeirização neoliberal, as liberdades políticas agredidas a pauladas quando convém aos setores alinhados aos grupos monopolistas, adversários do protagonismo das grandes maiorias da nação.

Assim, na ação política concreta urge a convocação de eleições presidenciais, via plebiscito, para que se retome a via democrática interrompida. Tanto como um projeto nacional de desenvolvimento estratégico que indique novos rumos ao País.

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