90 dias de Golpe: Vaias Olímpicas

Pela primeira vez, desde que os gregos imortalizaram os jogos olímpicos, as Olimpíadas são realizadas na América do Sul. E coube ao Brasil a responsabilidade de sedia-la. Passou com louvor e com a mesma desenvoltura com que realizou a Copa do Mundo.

Num intervalo de dois anos o Brasil sediou os dois maiores eventos desportivos do mundo e demonstrou uma eficiência tão grande que nem mesmo o mais pessimista dos vira-latas – personagens cuja complexidade é tamanha que só vê méritos nos outros – ousou questionar.

É preciso, porém, grafar em letras gigantes que essa foi uma conquista dos governos Lula e Dilma, realizadas sob a coordenação do Ministério dos Esportes que então era dirigido por militantes do PCdoB. É uma conquista nossa e dela nos orgulhamos.

Esse orgulho vai além da simples conquista dos eventos, disputados por todos os países do mundo com o mesmo furor de uma luta de mitológicos Titãs. O orgulho se justifica porque ajuda nosso povo se liberte da síndrome de vira-lata que uma elite americanóide e impatriótica tem tentado lhe incutir.

Mas a abertura das olimpíadas, coincidentemente, ocorreu no mesmo dia em que uma pesquisa de avaliação do governo era divulgada, na qual em torno de 79% da população não quer o Temer, seja por defender novas eleições (61%) ou a imediata volta da presidenta Dilma Rousseff (18%). Apenas 17% toleram o usurpador.

Esse ambiente talvez tenha contribuído para o tom de beligerância e de desconforto que o Maracanã, desde cedo, demonstrava com a presença do golpista Michel Temer. A consequência era previsível. Embora tenha tentado se esconder para fugir das vaias, ele não pôde fugir ao rito protocolar de “declarar oficialmente aberta às olimpíadas”.

Foi o suficiente para que o estádio explodisse numa vaia de dimensões olímpicas. Uma vaia tão estrondosa quanto o furor dos deuses olímpicos contrariados. E, se o povo não é um titã mitológico e tampouco um deus olímpico, sua ira contra o usurpador tem a mesma dimensão. E não lhe faltam motivos!

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