Dia da Nakba (A Catástrofe)

Como já disse em colunas anteriores, em tempos de “calmaria” no Oriente Médio, falo sobre amenidades. Hoje trago à luz uma carta assinada por intelectuais judeus, contra a proclamação do Estado de Israel que para os palestinos é considerado o Dia da Catás

O significado de 15 de maio


 


 


Não se costuma lembrar, comemorar, recordar datas que não sejam “redondas” (50 anos, 100 anos etc.). Assim, relembrar os 59 anos da proclamação por Ben Gurion, em 15 de maio de 1948, do Estado de Israel destoaria disso. Ocorre que todos os anos essa data, para os palestinos e árabes em geral é relembrada. Como todos sabem, a ONU “criou” (sem ter esse direito), o Estado de Israel em 29 de novembro de 1947. A mesma entidade, 30 anos depois, proclamou esse dia como sendo o dia Internacional de Solidariedade aos Palestinos, comemorados em todo o mundo.


 


 


A resolução da ONU fala na criação de dois estados, cuja decisão se baseava no plano de partilha de toda a palestina árabe, até então sob o mandato britânico, que se encerrou com a resolução e esperava-se que os dois lados envolvidos proclamassem os seus estados. No entanto, um grande e grave conflito estava em cursos. Terroristas do Irgun e do Hagannáh, sob comando de facínoras como Menachem Begin, posteriormente primeiro ministro de Israel e prêmio Nobel da Paz, atuavam na palestina e estavam em muito melhor condições que os árabes de implantar à força seu estado nacional.


 


Assim, no dia 15 de maio de 1948. Gurion faz a proclamação do Estado de Israel e os países árabes vizinhos entram na palestina, ocorrendo o que os historiadores chamam de a primeira guerra árabe-israelense. A Palestina e parcialmente ocupada pelos exércitos árabes, mas Israel expande imediatamente a sua área concedida pela ONU, ocupando inclusive Jerusalém Ocidental, que a ONU determinava como sendo território internacional e cidade como um todo por ser patrimônio da humanidade.


 


 


Assim, não há nada a comemorar do lado dos palestinos e dos árabes. Milhões foram expulsos de suas terras e passaram a viver em países árabes vizinhos, como a Jordânia, Líbano e a Síria, mesmo que lá permaneceram, passaram a sofrer duras e fortes perseguições, foram encarcerados pelo exército de Israel. Portanto, é completamente compreensível que para os árabes esse seja mesmo um dia de catástrofe.


 


 


Esta semana, com a ajuda do meu amigo e combativo jornalista e escritor vigoroso, George Bourdokan, trago à luz aos nossos leitores do portal Vermelho uma carta assinada por vários intelectuais judeus endereçadas ao jornal New York times, criticando uma visita feita aos Estados Unidos do líder da organização terrorista, Begin. Um belo documento político, mas que de nada adiantou, pois Begin acabou vencendo a sua guerra de terror.


 


 


Albert Einstein Condenou os Israelitas Nazistas


 


 


Aos Editores do New York Times:


 


 


Entre os fenômenos políticos perturbadores de nossos tempos está a emergência no recém criado Estado de Israel do ''Partido da Liberdade'' (Tenuat Haherut), um partido político estreitamente assemelhado em sua organização, métodos, filosofia política e apelo social aos partidos Nazista e Fascista.


 


 


Ele foi formado a partir de membros e seguidores do antigo Irgun Zvai Leumi, uma organização terrorista, facção direitista e organização chauvinista na Palestina.


 


 


A visita atual de Menachem Begin, líder deste partido, aos Estados Unidos é, obviamente, calculada no sentido de dar a impressão de apoio americano ao seu partido, por ocasião do advento das eleições israelenses e para cimentar laços políticos com os elementos sionistas conservadores dos Estados Unidos.


 


 


Vários americanos de reputação nacional têm emprestado seu nome para dar boas vindas à sua visita. É inconcebível que aqueles que se opõe ao fascismo no mundo, se corretamente informados sobre a história política e perspectivas do Sr. Begin, possam acrescentar seus nomes e apoio ao movimento que ele representa.


 


 


Embora esse irreparável perigo ocorra pela forma de contribuições financeiras, manifestações públicas a favor de Begin ou pela criação na Palestina da impressão de que um grande segmento da América apóia os elementos fascistas em Israel, o público americano deve ser informado sobre a história e os objetivos do Sr. Begin e do seu movimento.


 


 


As promessas públicas do Partido de Begin não correspondem, quaisquer que sejam ao seu caráter real. Hoje falam de liberdade, democracia e anti-imperialismo, enquanto até recentemente pregavam abertamente a doutrina do Estado Fascista. É em suas ações que o partido terrorista denuncia o seu caráter real; de suas ações do passado podemos julgar o que dele pode ser esperado fazer no futuro.


 


 


Ataque sobre a Vila Árabe


 


 


Um exemplo chocante foi seu comportamento na vila árabe de Deir Yassin. Esta vila, distante das principais estradas e circundada por terras judaicas, não tomou nenhuma parte na guerra e chegou a contrariar o lado árabe que queria usar a vila como sua base.


 


 


Em 9 de abril (The New York Times) bandos terroristas atacaram esta vila pacifista, que não era um objetivo militar na luta, matando a maioria de seus habitantes – 240 homens, mulheres e crianças – e mantiveram alguns deles vivos para desfilarem como cativos através das ruas de Jerusalém.


 


 


A maior parte da comunidade judaica ficou horrorizada com aquela ação e a Agência Judaica mandou um telegrama de pesar ao Rei Abdulah da Trans-Jordânia. Contudo, os terroristas, longe de se envergonharem de seu ato, ficaram orgulhosos com aquele massacre, divulgado amplamente e convidaram os correspondentes estrangeiros no país para testemunharem os cadáveres amontoados e a devastação geral em Deir Yassin.


 


 


 


O acontecimento de Deir Yassin exemplifica o caráter e as ações do Partido da Liberdade. No interior da comunidade judaica eles têm propugnado uma mistura de ultra-nacionalismo, misticismo religioso e superioridade racial. Como outros partidos fascistas eles têm sido usados para esmagar as greves e têm-se dedicado à destruição de sindicatos livres. Em seu lugar eles têm proposto sindicatos corporativistas no modelo fascista italiano.


 


Durante os últimos anos da esporádica violência anti-britânica, os grupos IZL e Stern inauguraram um reino de terror na comunidade Judaica Palestina. Professores foram espancados por se pronunciarem contra eles, adultos foram alvejados por não deixarem suas crianças juntar-se a eles. Por métodos de gangsterismo, açoites, quebra-vidraças e roubos em larga escala, os terroristas intimidavam a população e exigia-lhe pesado tributo.


 


Os membros do Partido da Liberdade não têm nenhuma participação nos logros construtivos na Palestina. Eles não reivindicam nenhuma terra, nenhuma construção de habitações e apenas depreciam a atividade defensiva judaica. Seus esforços de imigração muito propagandeado foram diminutos e devotados principalmente para atraírem compatriotas fascistas.


 


Discrepâncias Observadas


 


As discrepâncias entre os bravos clamores que estão sendo feitos agora por Begin e seu partido e a história de sua performance no passado da Palestina não portam a marca de um partido qualquer. Este é o selo de um Partido fascista, pelo qual o terrorismo e o embuste são os meios e o ''Estado Regente'' é o objetivo.


 


À luz das considerações anteriores, é imperativo que a verdade sobre o Sr. Begin e seu movimento seja tornado conhecido neste país. É de toda maneira trágico que a liderança maior do sionismo americano tenha se recusado a participar da campanha contra os esforços de Begin, ou mesmo de expor aos seus constituintes os perigos para Israel do apoio a Begin.


 


Os abaixo assinados, portanto, através deste meio de publicidade apresentam alguns fatos salientes que dizem respeito a Begin e seu Partido; e recomendam a todos os interessados a não apoiarem esta última manifestação do fascismo.


 


New York, 2 de dezembro de 1948.


 


Abraham Brick
Albert Einstein
Bruria Kaufman
Fred Karush
Friitz Rohrlich
H. Harris
Hannah Arendt
Harry M. Oslinsky
Hayim Fineman
Herman Eisen, MD
I. J. Shoenberg
Irma L. Lindheim
Irma Wolfe
Isidore Abramowitz
Itzhak Sankowsky
Jessurun Cardozo (Rabino)
Louis P. Rocker
M. Gallen, MD
M. Singer
Myer D. Mendelson, MD
Nachman Maisel
Ruth Sagis
Samuel Pitlick
Samuel Shuman
Seymour Melmam
Sidney Hook
Stefan Wolfe
Zelig S. Harris


 


Fonte: http://marxists.org/reference/archive/einstein/1948/12/02.htm


 

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