Terrorismo hoje 

Historicamente, o terrorismo político é uma forma de luta ou de controle de poder, normalmente circunscrita ao perímetro de um Estado. No entanto, de umas décadas pra cá, passou a ser usado no plano internacional.

Sempre foi, também, uma atividade de grupos organizados, mas tem sido aplicada como ação individual, que existia no passado, mas como um aviso de golpes maiores, coletivos. Agora, fica por isso mesmo.

O Dicionário de Política, dos italianos Norberto Bobbio, Nicola Matteucci e Gianfranco Pasquino, tem uma edição brasileira de 1984 (UnB e Imprensa oficial), com prefácio de FHC, trata do tema.
Mas dá um nó no assunto e não consegue resolver. Isto, embora cite diversos exemplos de análises e opiniões sobre terrorismo, manifestadas por figuras históricas muito ouvidas.

Há mais de 500 anos, por exemplo, Maquiavel dizia que “para retomar o Estado (ou seja, para conservar o poder) é necessário periodicamente espalhar aquele terror e aquele medo nos homens que o tenham utilizado ao tomar o poder”.

Sobre Lenin, afirma que “é clara sua recusa em adotar o terrorismo, que nos seus escritos associa, quase sempre, ao ‘anarquismo’ e ao “blanquismo’”, posturas consideradas não-revolucionárias no curso da Revolução Russa.

Trotsky seguia o mesmo rumo, ao afirmar que “Nos opomos aos atentados terroristas, porque a vingança individual não nos satisfaz; a conta que nos deve pagar o Capitalismo é demasiada elevada para ser apresentada a um funcionário chamado ministro”.

Já Che Ghevara julgava o terrorismo “uma arma negativa que não produz em nenhum caso os efeitos desejados, podendo até induzir o povo a uma atitude contrária a um determinado movimento revolucionário, levando a uma perda de vidas entre seus executores muito superior àquilo que rende como vantagem”.

Tempos distintos, visões distintas, mas aplicadas em qualquer época. A influência de Maquiavel na ditadura pós-64, aqui no Brasil, por exemplo, é amplamente conhecida. A de Guevara também, na participação em revoluções socialistas, a começar por Cuba.

Pode-se dizer, contudo, que o terrorismo internacional foi introduzido no século passado, pelos palestinos, como forma de reação à tomada de seu território pátrio, com a criação e constante expansão de Israel. Chamar a atenção do mundo a uma situação de injustiça é a sua causa.

“Modo de impor a vontade pelo uso sistemático do terror”, resume Antônio Houaiss em seu dicionário de língua portuguesa. Mas, que vontades estariam querendo impor essas ações terroristas que têm tomado conta da Europa nas últimas semanas, por exemplo?

Muitos desses atentados sequer são assumidos por grupos que se dizem terroristas, escudados em causas nebulosas. São praticados por pessoas, bem armadas, que chegam a ganhar a alcunha de “supostos” ou de “amadores” por autoridades que tratam do problema aqui, no Brasil.

Seria uma forma de terrorismo religioso? Neste caso, também estaria longe do período mais drástico desta modalidade de uso do medo e do terror sob o manto religioso, que foi a Idade Média. Seria vender um peixe e não impor ideias e formas de poder.

Ademais, temos formas desse tipo de terrorismo muito bem instaladas em países como a Arábia Saudita, por exemplo. Mas esta não exporta seu medo e terror por esta via, pois no plano internacional resolve seus conflitos pela guerra convencional. O terror é de uso doméstico.

O terrorismo das prisões mundo afora teria, quem sabe, a característica de “civil”. E o terrorismo das ruas, a esmo, de pessoas ou grupos que invadem ambientes de maneira violenta, matando pessoas indistintamente, terá que nome?

As pessoas temem sair de casa nas cidades de todos os portes, e só o fazem pra atender compromissos de trabalho, estudo, religião e, com certas ressalvas, de lazer.

Outros, muitos outros padecem do terrorismo psicológico, em largo uso pela grande mídia durante o golpe político-institucional em curso em nosso país.Ou seja, o mínimo que se pode dizer é que o terrorismo, hoje, no mundo inteiro, perdeu seu status e sua identidade.

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