76 dias de Golpe: nem mais a direita quer Temer

Após a escandalosa manipulação estatística da pesquisa do DataFolha, na qual a Folha de São Paulo se apoiou para divulgar que 50% dos brasileiros queriam a permanência de Michel Temer, o próprio jornal teve que reconhecer que os dados estavam maquiados.

Propositadamente o jornal escondeu que mais de 60% dos brasileiros querem antecipar as eleições presidenciais. E mais grave, escondeu que mais de 50% da população tem claro que o processo de impeachment no Senado não respeita as normas legais, ou seja, sabe que o que está em curso é um golpe, como sempre afirmamos. Isso explica porque a direita fica tão nervosa e irritadiça com o carimbo de golpista.

Para quem eventualmente subestimou o povo fica a lição. Apesar dos principais veículos de comunicação do país fazerem uma ofensiva para esconder o caráter golpista do impeachment, o povo soube perceber e tirar às suas próprias conclusões.

Sem apoio popular, sem capacidade de diálogo com o movimento social organizado, repudiado pelos artistas e pela intelectualidade, e procurando executar a velha agenda neoliberal de regressão social e de soberania nacional, é pouco provável que Temer consiga reverter à catástrofe de sua impopularidade.

E as medidas mais duras, como aumento da carga horária de trabalho, fim da CLT, aposentadoria aos 75 anos, etc., estão apenas anunciadas e aguardando o fim das eleições para que seus candidatos não sejam prejudicados. De novo subestimam o povo.

A direita tem consciência, portanto, que a eventual consolidação do golpe intensificará exponencialmente a radicalização da luta social no país, esgarçará profundamente o tecido social e poderá fazer com que Temer perca até mesmo o seu apoio parlamentar, hoje o seu único recurso para a chamada governabilidade.

Alguém poderia questionar: e os meios de comunicação? Esses respondem ao comando da classe dominante, da grande burguesia. E se um governo, mesmo servil aos seus interesses, não consegue levar adiante a agenda que lhes interessa, seja por falta de apoio ou convicção, eles o descartarão sem nenhum constrangimento. Collor que o diga.

Em qualquer hipótese o cenário é o sombrio para os golpistas, o que tem levado setores da própria classe dominante a especular se a vale a pena levar o golpe adiante.

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