Quarenta e um dias de Golpe: derrotar os golpistas com Diretas Já!

A queda do 3º “ministro” em um mês de “governo Temer”, sem mencionar o protegido de Eduardo Cunha que ele não teve peito para exonerar; o pedido de prisão de praticamente toda a cúpula do PMDB e as sessões no tribunal de exceção (comissão do impeachment), que a cada depoimento torna mais evidente que não há qualquer razão para o impedimento da presidenta Dilma Rousseff, expõe o papel grotesco dos golpistas e passa a inequívoca sensação de que o “governo” acabou sem ter começado.

Essa impressão é reforçada pelas gravações de Sergio Machado (PSDB, atual PMDB) revelando que a cúpula do PMDB e do PSDB tramava para parar a operação “lava jato” e que sem afastar a presidenta Dilma Rousseff seria impossível retomar as privatizações e retirar direitos sociais da população e dos trabalhadores, como Romero Jucá (PMDB) faz vê a Aécio Neves (PSDB) nessas gravações.

Mas é bom não ter ilusões. A direita pretende levar às últimas consequências seu plano golpista. Não se trata apenas da vindita de Eduardo Cunha contra Dilma. Ele foi apenas o instrumento útil e prontamente descartado quando se tornou inútil e embaraçoso.

A direita precisa do golpe para executar sua pauta regressiva, cujas medidas iniciais dão bem a dimensão do que nos espera. Entre as ameaças anunciadas e que vão se tornando realidade através de medidas legislativas enviadas ao congresso ou executadas pelos “ministros” já podem ser destacadas as seguintes:

– Quando o General Chefe da Segurança Institucional do “presidente” Temer diz que “a comissão da verdade é patética”, expressa tão somente o viés autoritário desse grupo que tomou de assalto o governo, o que levou o brasilianista Timothy Power (Oxford, Inglaterra) a afirmar que “é difícil uma agenda conservadora crescer sem se associar à ditatura militar”.

-Escalaram um time privatista para comandar a área econômica, especialmente na Petrobras, BNDES, Banco Central e no próprio Ministério da Fazenda.

– Sob a máxima de que “nenhum direito é absoluto” eles indicam que qualquer direito conquistado pode ser retirado. Começam com a reforma da previdência, aumentando para 65 anos a idade de aposentadoria para homens e mulheres e avançam para a reforma da CLT para retirar direitos trabalhistas.

– Em seguida afirmam que “ninguém vai ficar mais miserável se houver alguma redução no programa bolsa família”; anunciam a suspensão da meta de 2 milhões de unidades do “minha casa minha vida” e concluem sustentando que “o Sistema Único de Saúde (SUS) precisa ser revisto”.
– Entregam o Ministério da Educação para o DEM, partido que ingressou com ações judiciais contra o PROUNI e a política de cotas na educação.

– E passam a parte prática com Emenda Constitucional proibindo aumentar despesas. Por 20 anos o governo não poderá aumentar gastos com agricultura, educação, habitação, infraestrutura, salários, saúde, segurança, etc. Nada. O cenário é trágico!

Nesse cenário dantesco e de dificuldades crescentes do “governo” e de seus apoiadores, que sequer conseguem andar nas ruas, é razoável supor que muita gente que de boa fé apoiou o golpe mude de opinião; que parte dos senadores que apoiaram o golpe reflitam sobre seus votos; que as manifestações populares contra perdas de direitos sociais cresçam e recrudesçam e, naturalmente, que a popularidade da presidenta Dilma, seguindo a tendência atual, volte a patamares confortáveis.

Tudo isso pode criar, por outro lado, a ilusão de que simplesmente haverá um volta Dilma sem qualquer sinalização de apelo popular. Haverá mesmo aqueles que já estão vendo o fim do “governo” Temer, o que levará a subestimação do adversário. A direita vai insistir no golpe para executar sua política, transferindo para os trabalhadores o sacrifício dos “ajustes”, como sempre fez. E recorrerá a qualquer instrumento.

Assim, se esse “governo” continuar, no futuro não haverá direito a ser retirado, simplesmente porque todos já estarão suprimidos. Eis porque é imperioso parar esses ataques contra os trabalhadores e a nação. Mas para isso é preciso reunir apoios, os quais dificilmente se mobilizarão apenas pelo “volta Dilma”.

Fazer a presidenta Dilma voltar é a premissa básica, mas nada será igual depois da tempestade, por mais que a terra seja a mesma, o que significa que nossa tática precisa indicar perspectiva, algo que mobilize o povo e as forças democráticas não golpistas. Essa pauta, além da defesa da soberania, da manutenção e ampliação dos direitos sociais e trabalhistas, passa, necessariamente, pela convocação do plebiscito para decidir ou não por novas Eleições Diretas, já! 

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