Trinta e quatro dias de Golpe: lava jato chega a cúpula de Temer

Temer prometeu aos demais conspiradores que lhes entregaria o paraíso tão logo iniciassem o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff. Alguns estão recebendo pelo menos parte das promessas, outros se veem às voltas com mandatos de prisão.

Aos banqueiros e ao patronato da FIESP ele prometeu retomar as privatizações e cortar despesas de programas sociais para assegurar que os rentistas teriam seus polpudos lucros garantidos. Para os meios de comunicação ele prometeu exclusividade da receita de publicidade oficial. E aos políticos e parlamentares da confraria golpista ele prometeu “blindagem” e proteção, se comprometendo em parar a “lava jato” e demais investigações contra a corrupção, conforme o Senador Romero Jucá (PMDB) “desenhou” nas conversas com Sérgio Machado (ex-deputado e senador pelo PSDB e, posteriormente, operador do PMDB).

Os banqueiros e o patronato da FIESP, por enquanto, não têm do que se queixar. Todos os principais executivos da área econômica são operadores do mercado, privatistas, cuja síntese pode ser expressa na nomeação do banqueiro Ilan Goldfajn para presidir o Banco Central. Também está reservado no orçamento de 2016 algo como 1,4 trilhões de reais para refinanciar a dívida pública e pagar os encargos financeiros. Todo o poder executivo (presidência, ministérios, etc.) consumirá algo como 1,1 trilhões. O repasse aos estados e municípios será da ordem de 246 bilhões. A parte do leão é do “mercado”!

A ameaça de extinção da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e de suspensão dos contratos com mídias sociais e demais veículos não alinhados com o “governo” golpista indica que, também, a parcela dos meios de comunicação está bem encaminhada. Daí o silêncio sepulcral desses veículos diante das barbaridades diárias.

Mas a parte dos políticos e parlamentares da base de apoio ficou apenas na fisiologia. Após prometer uma equipe de “notáveis” Temer teve que se contentar com uma equipe de precário perfil técnico e acadêmico para contemplar os partidos que participaram do golpe. E a promessa de livrá-los das garras da “lava jato”, até o presente, ainda não se materializou. Toda a cúpula do PMDB está com pedido de prisão e aguardam que os ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) digam se tentativa de obstrução da justiça é razão suficiente para prender alguém, como ocorreu com o então Senador Delcidio Amaral, ou se mudaram a jurisprudência.

É um cenário sombrio e delicado, especialmente porque Romero Jucá também envolveu o STF nas suas perorações. Por enquanto, “a parte que lhes cabe nesse latifúndio” está longe do “paraíso” que Temer lhes prometeu.

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