Coronel impostor 

O temeroso impostor, Dr. Michel, pôs as manguinhas de fora logo nas primeiras medidas que tomou após o golpe, nesta fase. E vem rajando! Operários, lavradores e pobres em geral estarão lascados. Artistas, mulheres, negros, índios, gays e aparentados, também.

O azar dele é que sua cara não inspira a menor confiança, mesmo que ele tente falar num linguajar do século 19. Busca passar uma imagem de erudito, em contraposição ao saber popular. Mas tem pinta de coronel, até porque essa é sua ideologia, agora aflorada. O atraso é muito maior do que a gente imagina.

Formou um ministério que é um verdadeiro antro de bandidos. Todos brancos, reconhecidamente corruptos, ricos e direitistas. E nenhuma mulher. Longe, muito longe, de representar a diversidade brasileira. Ou seja, o golpe tem direção bem clara, dando a tenebrosa sensação de volta à ditadura.

Foram extintos vários ministérios, justamente aqueles que representavam a perspectiva de inclusão social, de valorização das comunidades menos favorecidas. E os que foram mantidos são os que mais representam as elites patrocinadoras do golpe.

Em destaque, estão o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o das Relações Exteriores, Zé Serra. Meirelles, como se sabe, foi escolhido por Lula e exerceu durante os oito anos de seus governos o cargo de presidente do Banco Central.

Depois, nos últimos anos, virou um dos principais executivos do grupo Fri-Boi, goiano como ele, o grande monopólio da carne bovina no Brasil. Entrou em várias polêmicas sobre as finanças da empresa, que é a maior exportadora de carne e tem (ou tinha) graves problemas com o fisco.

O outro, Zé Serra, é bastante conhecido pelas tantas presepadas que já aprontou. Agora, foi sentar praça no Itamaraty e já de começo saiu disparando tiros pra todo lado. Por exemplo, soltou notas oficiais rebatendo avaliações de governos de outros países sobre o processo político brasileiro, visto no mundo inteiro como golpe de Estado.

Ele se esquece que o Brasil precisa dos parceiros econômicos. Nem carece de ir longe. Basta falar do gás boliviano, que garante o abastecimento de São Paulo, e a energia elétrica da Venezuela. Mas, por outro lado, tem países como a Rússia, grande importadora de carne bovina, ou a China, compradora de minérios.

Essa animosidade toda pode gerar outros efeitos negativos ainda não manifestados claramente. Um deles seria o boicote de países de todos os continentes aos Jogos Olímpicos deste ano, no Rio de Janeiro, o que seria um fiasco global.

O fato é que os dois se juntam ao senador Romero Jucá, que passou a ocupar o cargo de ministro do Planejamento, numa corrida que retoma a “privataria tucana” da época de FHC. A privatização dos Correios é uma meta já declarada.

No caso de Serra, porém, o objetivo é ainda mais ousado, pois significa a entrega da exploração do petróleo do Pré-Sal, descoberto pela Petrobrás, a capitais privados internacionais.

Ou seja, por detrás de uma farsa de combate à corrupção, já está montada uma enorme operação que, além de significar um retrocesso na democracia conquistada com muita luta, representa também a entrega das riquezas nacionais.

Em resumo, vale repetir: o coronel impostor já disse a que veio.

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