A resistência deve passar a outro patamar

O mundo inteiro tem presente que o que está ocorrendo no Brasil é um golpe. Essa talvez tenha sido a maior derrota da direita brasileira nesse embate, daí o incômodo e a cruzada que faz para se livrar da pecha de golpista. Inútil. Os fatos falam por si só.

As forças conservadoras, no mundo inteiro, não têm qualquer respeito pelas normas legais e sempre recorreram à violência política e física contra seus adversários. Os fatos históricos não deixam dúvidas quanto a essa assertiva, como bem pode ser mensurado pelo banho de sangue que eles impuseram ao povo brasileiro a partir do golpe de 64 e aos demais povos do continente e de outras partes do planeta.

O mundo ainda não se esqueceu da brutalidade de 64 e eles já preparam outro golpe, dessa feita recorrendo a alguns instrumentos do aparelho de estado e como uma espécie de vindita de Eduardo Cunha, que reclamava da presidenta Dilma, sem obter, proteção para o seu rol de crimes. Encontrou guarida fácil na direita e pôs em prática o golpe, usando como pretexto as pedaladas fiscais. A tática varia, o objetivo jamais.

Mas nos momentos de grande tensão, como estamos vivenciando, a sociedade decanta e força o conjunto das forças sociais a tomar lado, a se posicionar, a se perfilar em torno de um ou outro projeto. A partir dessa constatação é imprescindível tirar lições e atualizar os nossos métodos de ação e a própria tática de enfrentamento com as classes dominantes, numa quadra de defensiva estratégica.

A primeira constatação é que é preciso persistir na resistência para ajudar o povo a compreender, na prática, que a sociedade é dividida em classes com interesses distintos, muitas das vezes completamente antagônicos, o que explica porque a burguesia embora bem tratada nos governos Lula e Dilma sempre tramou para inviabilizar seus governos;

Que o estado é um instrumento de dominação da classe dominante e não um “mediador dos distintos interesses das classes sociais”, como fica evidente na gritante parcialidade de certos instrumentos do aparelho de estado em relação ao tratamento que dispensam, por exemplo, à presidenta Dilma Rousseff ou ao ex-presidente Lula e aos adversários de ambos. Dilma está ameaçada de perder o mandato legitimamente conquistado sem que haja uma única denúncia contra ela, enquanto Eduardo Cunha (PMDB) – principal líder da conspiração golpista – é réu em vários processos no STF e dono de dezenas de contas ilegais no exterior.

E, muito especialmente, ter presente que governo não é sinônimo de poder. O poder, de fato, é exercido por quem controla os meios de produção, no caso, a burguesia. A presidência da república representa apenas a representação simbólica do poder político. Não tem poder para alterar a essência do estado burguês, salvo através de profundas reformas na estrutura do estado, o que jamais ocorreu sem que houvesse ruptura.

Tal constatação nos obriga a concluir que a sociedade brasileira e especialmente as forças sociais progressistas necessitam de novos métodos e novas práticas nesse enfrentamento, sem o que assistiremos a direita pisotear as normas legais e aplicar um golpe após outro.

Como regra a direita é violenta e intolerante. Essa é outra lição que, me parece, ajudará o movimento popular a não ter ilusões quanto a hipótese de conciliar o inconciliável. Sigamos em frente e nos preparemos para o bom combate.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor