Não vai ter golpe!

A apresentação e leitura do relatório apresentado pelo Deputado Jovair Arantes do PTB Goiano, na Comissão Especial do Impeachment, obedeceu ao rito de sempre. A mídia deu ares de espetáculo ao fato e o parlamentar não se fez de rogado, vestiu-se a caráter e tentou cumprir seu papel de ator principal temporário do teatro armado.

As intervenções que seguiram mostraram o que já se sabia, na comissão há uma consistente maioria pró impeachment. Até o indignado Paulo Maluf, réu em tantas ações que rivaliza com o presidente da Câmara, mas os seus 82 anos de experiência no “ramo” dão uma sobrevida a sua conhecida “cara de pau”. Os “argumentos” arrolados pelos membros da comissão, que durou até as quatro horas da manhã, foram o festival de argumentos repetidos de parte a parte, mostrando um jogo em que todos nós sabemos o resultado. Nesse sentido são “cartas marcadas”. Não me parece ser ali, o local da disputa, propriamente dita e nem das dúvidas.

Mas o que vale destacar é o crescimento da resistência democrática. Há sinais objetivos de que o exagero das elites com seus métodos fascistas e agressivos estimularam um espírito e uma conduta dos que se opõem ao golpe que fortaleceram tal movimento.

É óbvio que não se trata de um apoio aos erros do PT e do Governo. Muito menos de um apoio à candidatura do Lula, como insistem alguns, inclusive sem enxergar que é isso que a mídia e as elites querem. Polarizar quem é PT com quem é contra. Nus atraindo para uma batalha que no momento não teríamos nenhuma chance. Mas o importante é que apesar disso, a maioria que defende a democracia se fortalece. Principalmente por conta da convicção que estamos fazendo o certo. Não há crime de responsabilidade, provado e comprovado, sequer a indícios no momento de envolvimento da figura da Presidente em atos que mereçam este registro.

Não ainda escamotear, o impeachment sem causa justa e comprovada é golpe!

Mas penso que a luta ainda não cessou. Não acho que o processo de impeachment, em curso na Câmara, está, nas circunstâncias atuais, fadado ao fracasso. É cedo para cantar vitória! A dificuldade do governo em conseguir garantir míseros 171 votos, incluindo ausentes, é um sintoma da gravidade do momento. A pesquisa do Datafolha, mostra que a maioria dos brasileiros “querem” o impeachment e isso pode e deve estimular ações por parte da mídia e dos partidos de oposição a produzir manifestações e tumultos que estimulem ou desestimulem a frágil base governista no Congresso.

A métrica da medíocre Câmara dos Deputados, não é bom senso e nem tão pouco a preocupação com o futuro do Brasil. Ali, ao que me parece, está em jogo, mais uma vez, quem pode no governo, fornecer melhores condições para esses mais de 300 picaretas, como disse Lula, certa vez, buscarem seus votos futuros.

A luta desta semana será titânica. Não se descarta inclusive mais alguma por parte dos promotores da Lava Jato, que podem pôr mais lenha na fogueira. A provável data de votação, domingo 17 de abril, deverá ser um festival espetaculoso de gente nas ruas com seus pixulecos e suas camisas da CBF, ávidas por ações violentas ou quem sabe um cadáver.

A resistência que cresce precisa entender que a luta não acabou e assim como nós precisamos e deveríamos estar pensando no que fazer após o dia 17/04 independente do resultado o lado dela também pensa.

Na história brasileira apenas cinco presidentes chegaram ao fim de seus mandatos. Pela consolidação da democracia espero que tenhamos eleições gerais em 2018 e que ideias e programas possam ser debatidas sem as fantasias dos marketing político utilizado erradamente pela esquerda e desenvolvida, espertamente, pelo PT no governo.

Que a governabilidade se dê através da aplicabilidade dos programas vitoriosos e não por troca de favores e nem de cargos. Um sistema em que o mesmo parlamentar foi Ministro do Collor, foi Ministro do FHC e indicou Ministros para o Lula e para Dilma, não pode dar certo.

O Prefeito Fernando Haddad em São Paulo, ganhou a eleição, em 2012, seguindo esta lógica, com uma coligação de Partidos determinada. Após a sua posse, constituiu sua base com os partidos que lhe fizeram oposição. Isso não poderia dar certo.

A luta em curso deve nos servir também de ensinamentos. Não estou propondo negar a realidade e agir segundo os nossos desejos e vontades. Penso acima de tudo que a realidade é a possibilidade que se concretizou. Assim devemos apostar e lutar pela possibilidade que melhor se aproxime e nos aproxime dos nossos objetivos revolucionários e transformadores.

Mas precisamos barrar o golpe em curso para que, sem ilusões e sem pragmatismos exagerados possamos encontrar um caminho e criar mecanismos para o necessário avanço da nossa luta por uma sociedade socialista.

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