Memorial da paz

A Guerra da Tríplice Aliança, em que Argentina, Brasil e Uruguai enfrentaram o Paraguai de 1864 a 1870, foi um hiato, embora sangrento, na trajetória bilateral de fraternidade e cooperação entre brasileiros e paraguaios.

Desde o armistício, os dois povos continuam a tecer uma parceria de boa-vizinhança que vai além dos negócios e empreendimentos comuns, baseada na intensa migração, formação de famílias binacionais, trocas comerciais e a usina de Itaipu. A guerra ficou na História, mas sua memória pode ser valorizada do ponto de vista de cada país.

Nesta semana, os dois governos firmaram, em Assunção, um Memorando de Entendimento, durante a inauguração do mecanismo diplomático 2+2, que reúne os ministros da Defesa e das Relações Exteriores dos dois países. A primeira tarefa é pesquisar, catalogar e divulgar documentos sobre o conflito disponíveis no Brasil, no Paraguai e em outros países. Outra iniciativa será a restauração de sítios históricos das principais batalhas. Idêntico cuidado será dispensado às peças e equipamentos militares e civis que sobreviveram ao tempo.

A ação conjunta não inibirá cada nação de manter sua visão da guerra e exaltar a bravura de seus soldados. Numa das recentes visitas àquele país, pudemos observar que Cerro Corá, onde o presidente Solano Lopez morreu heroicamente de espada na mão, é um local cultuado pelos paraguaios.

O Brasil e o Paraguai desfrutam hoje das plenas condições para a ampliação da integração e cooperação em defesa, economia, comércio, ciência, tecnologia e cultura. Além do laço criado pela maior usina de eletricidade binacional do mundo, os esforços em cooperação de defesa tornarão nossas Forças Armadas mais preparadas para a missão de defesa nacional e para o combate aos crimes transfronteiriços. Destaque-se ainda que Brasil e Paraguai formam uma importante bacia produtora de proteína e de grãos, capaz de assegurar a soberania alimentar de nossos povos e de ajudar a alimentar o mundo.

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