Como uma farsa

O quadro institucional que já estava mudando de cenário em questão de dias, agora transmuta-se na base de horas. Na semana passada setores da sociedade civil incluindo juristas, artistas, intelectuais, jornalistas, religiosos, movimentos sociais, ergueram-se contra a possibilidade da instauração no País de um Estado de exceção policialesco apoiado pela grande mídia hegemônica.

Diante desse perigo real levantam-se personalidades brasileiras, independente da simpatia ou não pelo governo da presidente da República, considerando que a ferocidade dos fatos e ações perpetradas contra as garantias individuais e coletivas dos cidadãos deixavam-nas sob iminente perigo numa situação assemelhada ao golpe de 1964, apesar das evidentes diferenças.

Agora sob o comando do presidente da Câmara Eduardo Cunha e o apoio do vice-presidente da República Michel Temer boa parte do PMDB resolve desembarcar do governo numa óbvia ação para enfraquecer a base do governo federal, facilitar o processo de deposição da presidente Dilma Rousseff.

Mas o fato importante nesse imbróglio do PMDB é que suas principais lideranças nacionais não estavam presentes no ato de terça-feira além da ausência de representantes dos seus governadores no Nordeste do País.

Assim permanece incontestável a frase do presidente do Senado Renan Calheiros de que: impedimento sem crime de responsabilidade tem outro nome. E o nome para tais manobras chama-se golpe.

Portanto a luta continua nas ruas mas o centro da batalha agora é o Congresso Nacional embora não se possa descartar novas investidas policiais para desestabilizar ainda mais a crise política.

As ações para depor a presidente da República passam a ser lideradas por uma figura marcada por processos de cassação de mandato e por um vice-presidente sem protagonismo nacional que nas pesquisas jamais passou de 1% das intenções de voto no País. Mas aos conspiradores há, de sobra, vontade irrefreável de empalmar o poder a todo custo.

Na verdade os episódios fazem jus à frase de Marx de que a História só se repete uma segunda vez como farsa. A luta em defesa da democracia vai exigir ampla, intensa mobilização de vários setores da sociedade civil, o convencimento de deputados, senadores pela legalidade constitucional, pela soberania nacional, contra o golpe em marcha.

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