Reaberta a temporada de caça aos comunistas

O mês de fevereiro de 2016, este mesmo que ainda estamos, tem nos mostrado alguns episódios que, à primeira vista podem passar despercebidos, mas, infelizmente, não parecem estar soltos, pelo contrário: tendem a estar extremamente interligados.

O primeiro fato aconteceu ainda ano passado, no mês de setembro, quando o vereador Gilson Reis (PCdoB de Belo Horizonte), juntamente com sua equipe, foram assaltados em seu escritório parlamentar durante uma reunião que tratava (justamente) da segurança do bairro e da região.

Até então este parecia um fato isolado, afinal de contas, infelizmente, todo dia milhares de pessoas são vítimas da violência e da exclusão social. Porém, em Fevereiro agora, os escritórios parlamentares das deputadas federais Alice Portugal (PCdoB-BA) e Jô Moraes (PCdoB-MG) foram assaltados e parcialmente destruídos misteriosamente por “vândalos” respectivamente nos dias 04-02 e 09-02. Destaca-se que no caso do gabinete da deputada mineira foi o segundo caso em 15 dias (o local havia sido assaltado também no fim de Janeiro).

Passando-se para crimes mais graves, é possível perceber ainda mais três situações que chamam a atenção: O primeiro caso foi do vereador de Seropédica, na Baixada Fluminense, Luciano Nascimento Batista (PCdoB), mais conhecido como Luciano DJ que foi morto a tiros dia 14 de Novembro ao sair de uma casa de shows.

Agora, em Fevereiro (mais uma vez), menos de quatro meses após esta tragédia, o prefeito Moisés Gumieri (PCdoB), do município de Chiador, Minas Gerais também foi assassinado. Curiosamente, Moisés foi assassinado na mesma data que houve o segundo arrombamento do escritório de sua correligionária de partido, Jô Moraes, na capital do estado.

O terceiro e último caso foi do assassinato a tiros do líder da ocupação Taboão, em São Domingos do Araguaia, Luis Antonio Bonfim, quando comprava pão em uma padaria de sua cidade juntamente com seu filho. Curiosamente, Bonfim também era membro do PC do B.

Em menos de um ano por quatro vezes os escritórios de parlamentares comunistas foram assaltados, um vereador, um prefeito e um líder sindical assassinado. O que liga todos estes crimes? O fato de todas as vítimas serem militantes do Partido Comunista do Brasil (PCdoB).

Quatro assaltos e três assassinatos a membros de uma mesma agremiação partidária não pode ser coincidência, é, no mínimo, muito estranho! Na verdade, nem tão estranho, se pensarmos que cerca de 30 anos atrás este tipo de coisa era muito comum, afinal de contas ainda vivíamos a ditadura militar.

Entretanto, se pensarmos na democracia, que foi conquistada a duras penas (1985) e no papel atual que o PCdoB tem apresentado tanto na conservação do estado democrático de direito como na defesa intransigente do mandato popular da presidente Dilma Rousseff, vemos que algumas peças podem se encaixar, afinal de contas, quando as classes populares começam a ter protagonismo, a elite burguesa se torce de raiva.

Este sentimento de ódio ajuda a explicar o aumento que temos visto de discursos (e atitudes) xenofóbicos, racistas, homofóbicos, machistas e também anticomunistas, afinal de contas, o primeiro ato dos fascistas é sempre tentar destruir seu principal inimigo, ou seja: quem questiona o status quo da classe dominante.

Espero que as investigações sejam feitas da maneira mais séria possível e os responsáveis por cada caso, devidamente punidos, ainda mais se for algum tipo de organização de extrema direita, como gangues de skinheads. É preciso que a justiça tome posições realmente severas! Com condenação dos culpados e término deste tipo de prática.

Aos indignados (como eu) com tanta onda de violência descabida aumentando, cabe relembrar que nem mesmo a ditadura fascista e o massacre na região do Araguaia foram capazes de vencer as ideias da esquerda, não será agora, quando muitos tombaram pela democracia que estes pulhas vencerão.

E para estes, capazes de usar das piores violências contra os que lutam pelas classes menos favorecidas fica a dica: Podem-se matar os homens (e mulheres), mas nunca poderão matar uma ideia. Quem não temeu a ditadura, não vai temer a democracia!

Aos familiares das vítimas, toda minha solidariedade, aos responsáveis diretos, todo meu desprezo.

Até a próxima!

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