FHC, Serra, Aécio e Kim Kataguiri: unidos por um mesmo discurso

Nesta última terça-feira (2), enquanto a Presidenta da Nação se pronunciava aos senadores e deputados, parte dos parlamentares da oposição de direita começou a vaiá-la e insultá-la.

 Não estamos falando de manifestação de rua, mas de uma afronta à democracia em plena “casa do povo”. Contra o diálogo, berros. Em oposição ao debate, ofensas.

Infelizmente, grande parte dos líderes da oposição conservadora do país escolheu lutar no pior campo de batalha e com as piores armas: o dos holofotes da grande mídia privada e no ataque aberto à honra dos seus oponentes. É o vale tudo para destruir o adversário.

Figuras importantes do campo oposicionista, mesmo ocupando cargos públicos onde o mínimo de cordialidade é fundamento basilar da administração pública, partem para a ofensiva da maneira mais desqualificada que se possa imaginar. A luta de ideias e a disputa de projetos, há tempos, deram lugar para outro tipo de peleja.

José Serra, no aniversário da cidade de São Paulo, desejou, em sua conta do Twitter, que a cidade “encontre um novo prefeito à altura das suas necessidades e do seu potencial de desenvolvimento”.

Alguns meses antes exprimiu seu costumeiro azedume ao chamar os paulistanos de infelizes apenas porque a prefeitura de São Paulo passou a fechar a avenida Paulista para carros e a abri-la para pedestres aos domingos: "Dilma na presidência e Haddad na prefeitura. Vocês sabiam que os níveis de despreparo para governar de ambos se equivalem? Somos infelizes ao quadrado!"
Fernando Henrique, ex-presidente da República por quase uma década, um senhor de 84 anos de idade e ex-professor universitário, de quem se espera, no mínimo, maturidade e equilíbrio, frequentemente assume papel de adolescente birrento e vai para as redes sociais desabafar suas mágoas.

Tempos atrás, em seu costumeiro exercício de contorcionismo teórico, FHC chamou o atual governo de "ilegítimo" embora legal (?!?!). Segundo FHC, falta base moral ao governo Dilma, “que foi corroído pelas falcatruas do ‘lulopetismo’”.

Corroído pelo rancor, baixou o nível do debate no mesmo plano de um Kim Kataguiri. Qual é mesmo a diferença argumentativa entre os dois? Nenhuma. Não discutem números, projetos ou ideias. Xingam, caluniam, difamam.

O mesmo ocorre com outros líderes políticos do campo da direita de quem se esperava o mínimo de maturidade e seriedade. Chegam a babar pelos cantos da boca quando pegam um microfone.
Para alguns, esse fenômeno pode ser chamado de “efeito Aécio”. Ou seja, o rancor e o sentimento revanchista de quem sentiu o gosto da vitória e perdeu a eleição presidencial na contagem das últimas urnas, carregadas, sobretudo, de votos dos mais pobres, nordestinos e iletrados.

A partir daí, intensificou-se o discurso segregacionista, preconceituoso, odiento. A intolerância tem ganhado cada vez mais espaço nos debates em torno dos vários temas de interesse nacional.
Passou a ser mais relevante para o país saber se um ex-presidente tem ou não tem um triplex no Guarujá, do que discutir a ampliação do “Minha casa, minha vida”.

Passou a ser mais importante para o país saber se um ex-presidente visita ou não visita em um sítio em Atibaia, do que tratar da política nacional de turismo.

Passou a ser mais importante para o país se um ex-presidente tem uma canoa de alumínio ou de lata, do que estimular a indústria naval brasileira.

Ouvir um jovem como Kim Kataguiri – que caiu de pára-quedas na onda das manifestações dos paneleiros do último ano – pedir a prisão de Lula e o fim do PT é até compreensível.

Mas quando isso parte de algumas lideranças de distintos partidos da oposição, é porque algo anda muito mal e nos aproxima do fascismo.

São nessas horas que sentimos falta de estadistas e líderes da estatura de Tancredo, Ulisses Guimarães, Paes de Andrade, Mario Covas e tantos outros que se assustariam em ver FHC e tantos outros se comportando como crianças mal-educadas e birrentas, chorando pelos pirulitos que lhes foram tirados da boca.

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