Os guardiões
O “Mercado” financeiro global adquiriu tamanha força que é espetacularmente desproporcional ao conjunto das instituições que compõem o espectro das sociedades. Mais que isso, ele possui hoje a capacidade de capturar para os seus interesses concretos o próprio Estado nacional.
Publicado 04/02/2016 10:39
Essa realidade não se restringe às nações emergentes mas também aos aparelhos dos Estados nas sociedades mais desenvolvidas, aquelas que estão situadas acima da linha do Equador cuja referência marítima é o Atlântico Norte.
Mas é uma tremenda falácia a tese do desaparecimento do Estado-nação, uma formulação associada à ideia do “Fim da História”.
Tese de Francis Fukuyama, um obscuro acadêmico nipo-americano, que do dia para a noite, financiado pelo Departamento de Estado norte-americano, alcançou notoriedade porque suas falsas conclusões serviram como uma luva aos interesses expansionistas dos EUA, ao tempo que era a apologia que faltava à supremacia do Mercado global.
Com o fim da bipolarização geopolítica mundial deu-se extraordinária centralização, concentração do capital, especialmente o parasitário, tanto como a consolidação da hegemonia unipolar do Estado norte-americano como instância imperialista sem precedentes.
Daí é possível afirmar que não existe supremacia dos interesses do “Mercado” financeiro parasitário dissociado dos objetivos estratégicos dos Estados Unidos e um seleto grupo de Países aliados, mas em plano subalterno aos EUA.
Nessas décadas de interesses convergentes, imbrincados, formou-se um imenso exército de intelectuais e “especialistas” cuja função central tem sido criar “consensos” para respaldar essas duas “divindades” via grande mídia hegemônica, parte inseparável de uma “governança mundial”.
Com a realidade do Brics, o relativo declínio imperial dos EUA, a prolongada crise capitalista, o “consenso” imposto através das ideias, finanças e armas transformou-se em dissenso, conflitos entre a velha ordem e os novos protagonistas.
É o que explica a função da grande mídia hegemônica, que deixou de ser “imprensa”, mesmo tendenciosa e elitista, para se tonar guardiã da Velha Ordem Mundial substituindo até os setores de oposição no Brasil. Cabe ao povo brasileiro a lucidez da luta em defesa do País, da democracia, e o protagonismo de nação solidária no cenário mundial.