Exasperação política atenta contra o interesse nacional

O Executivo foi obrigado a decretar um contingenciamento de 10,7 bilhões do Orçamento da União, o terceiro do ano, para fechar as contas adimplente e nos termos da Lei.

A União tem o imperativo de obter a revisão aprovada para não ser enquadrado na Lei de Responsabilidade Fiscal. Isso ocorre porque o ajuste fiscal não avançou no que tange a aumentar a arrecadação federal, mais que a reduzir gastos do governo.

A aprovação da DRU e a CPMF nessa direção são fundamentais. E só se encerra o ano com a aprovação da LDO, para o que as medidas anteriores são fundamentais.

Em suma, a hora segue sendo de gravidade. Cui prodest?

Atribuir à presidenta a responsabilidade única é irresponsabilidade coletiva.

Imaginar que derrubando Dilma se “passa tudo a limpo” é uma amarga ilusão ou irresponsável charanga. O que vai ser condenado é o sistema político como um todo como já se verifica em pesquisas. O povo não perdoará a omissão nem a jogatina de jogarem a culpa um sobre os outros.

Quer dizer, os três poderes da República têm a responsabilidade para apontar para a normalidade política e estabilidade institucional, cada qual com seu papel e rito.

A instabilidade do Congresso, a situação fragilizada do presidente da Câmara, a guerra política instalada entre forças dispersas até mesmo no interior de cada partido, causa grandes danos aos interesses nacionais e de todos os setores da sociedade. No Senado, os recentes acontecimentos com a prisão do líder do governo também deterioraram a situação.

Nesta hora faz falta manter rigorosamente a institucionalidade, o Estado de direito, não ceder à impunidade nem tampouco à terra arrasada dos que querem dar carniça à opinião pública.

Faz falta, em especial, aquele sentido de missão do Congresso Nacional, apostando no país para além dos interesses políticos mesquinhos. Líderes se forjam nessas situações e não nas questiúnculas da política menor. No Congresso e na própria Justiça não faltam vozes autorizadas e caminhos estabilizadores para apontar no mesmo rumo. Quanto ao Executivo, Dilma pode e deve liderar um chamado à convergência, mas isso não exime os demais atores de cumprirem seus papeis como autoridades perante a sociedade.

É preciso apontar convergências em prol do país, com Dilma no vértice em respeito ao mandato constitucional majoritário dado pelo povo – o que também será sinal de estabilidade institucional indispensável.​

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor