Quem será o suíno nórdico?

Muito grato pelas manifestações de que devemos sempre combater e enfrentar essa gente que parece desconhecer que abolimos a escravidão e derrubamos a ditadura.

Falo-vos malungos – irmãos da raça e do açoite, dos negreiros e das bordunas, do chão das fábricas e da destemida luta dos posseiros, irmãos dos bancos universitários e intelectuais cuja referência no povo brasileiro é capaz de enfrentar o niilismo e o pessimismo, as premissas da côrte e do obscurantismo – de que é preciso enfrentar os bolsonazi com o gênero das espingardas no peito.

O episódio de anteontem, quando um tresloucado fascista – reafirmo o suíno nórdico – quis nos constranger no aeroporto de Marabá, aos gritos, não passará impune. Nós, eu e o fotógrafo Jean Brito – comissionado e técnico da Comissão da Verdade do Pará – queremos saber de quem se trata para fins de processo judicial.

Cansados e loucos para chegar em casa, depois de vitoriosa jornada da Caravana ao Araguaia da CEV-Pa – que percorreu por vários dias as cidades de Marabá, Palestina do Pará e São Geraldo do Araguaia realizando pelo menos duas centenas de oitivas com camponeses, indígenas, ex-mateiros e ex-soldados – sofremos agressões verbais de toda a ordem de um sujeito que nunca vimos mais gordo, cujo corolário é bem conhecido em dias que a direita quer se passar por asséptica e limpinha para dar um golpe na democracia brasileira.

A questão é que reagimos à altura, não amofinamos. Saber reagir e defender-se está presente na humanidade desde os seus primórdios, assim ela prosperou e floresceu sobre os dias e os séculos. Não contamos barato e seja como um papel de embrulhar prego ou o litro do açaí de 50,00 reais, do grosso, enfrentamos a jumentice alheia com destemor e firmeza.

Mas, mesmo considerando que o entrevero não prosperou para as vias de fato, queremos saber de quem se trata porque entre os muitos motivos, dois saltam da tarde tranquila deste domingo e que devem ser pontuados.

A primeira é de que temos uma tarefa de estado, na Comissão da Verdade do Pará, criada pela Lei 7.802/14 – depois de mais de dois anos de luta renhida do movimento em direitos humanos no Pará – e devidamente sancionada pelo governador Simão Jatene.

As leis vigentes no país indicam que nenhum servidor público pode ser desacatado em suas funções ou em razão dela – artigo 331 do Código Penal – e as penas vão de seis meses até dois anos de detenção ou multa, de acordo com a visão do juiz que analisar a questão.

A segunda é o fato de que desde 2011 faço parte do Programa Federal de Proteção à Defensores dos Direitos Humanos por conta das intimidações e ameaças sofridas no curso dos trabalhos que ensejam a localização, identificação e circunstâncias dos crimes cometidos, pelo estado brasileiro, contra os desaparecidos políticos na guerrilha do Araguaia, organizado pelo então clandestino Partido Comunista do Brasil entre 1972/1975.

A agressão que sofremos foi de ordem política, dirigida e covarde. Muitos militantes e figuras públicas na esquerda brasileira têm sofrido um assédio que começa nas telinhas golpistas da grande mídia e terminam no esgoto que a mentalidade fascista enseja, com seus porretes sonoros e pit bulls verbais.

Essa gente precisa do medo e da violência e quanto mais jovens negros forem mortos nas periferias, melhor, porque assim a limpeza social e racial estará completa, institucionalizada e o Brasil será enfim um país de brancos, além de monárquico e medieval.

O melhor caminho nessas situações é o enfrentamento porque se vacilamos, eles, que bem sabemos quem são, estão a preparar as noites soturnas do pau-de-arara e da cadeira-do-dragão.

Não Passarão!

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