20 de Novembro, um dia de reflexão e luta

Nesta semana, em todo o país, ocorreram comemorações relativas ao Dia da Consciência Negra, data que também homenageamos Zumbi dos Palmares. Este é um dia importante para nosso povo que luta contra o racismo, o preconceito e a discriminação. Eu me somo aos homens e mulheres que nesta data se levantam para refirmar sua luta e para valorizar a arte e cultura afro-brasileiras.

O Dia da Consciência Negra também é marcado por reflexões, debates e protestos pela atual situação social, econômica e política em todo o Brasil. Nos últimos dias, tivemos acesso a uma pesquisa que apresentou dados assustadores e que confirmam a violência promovida pelo racismo em nosso país.

O Mapa da Violência 2015, elaborado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), chocou ao apresentar as elevadas taxas de feminicídio das mulheres negras. De acordo com o estudo, em uma década, os homicídios de mulheres negras aumentaram 54%. Em apenas um ano, morreram assassinadas 66,7% mais mulheres negras do que brancas. Os números denunciam a "combinação cruel" que se estabelece entre racismo e o sexismo.

A pesquisa também indicou os índices de morte por arma de fogo, que praticamente quadruplicaram, com um crescimento de 387%. E fica pior, de acordo com o estudo, o aumento de casos de morte por arma de fogo foi de 556,6% na população geral e de 655,6% entre os jovens.

Das 39.686 vítimas de disparo de qualquer tipo de arma de fogo, o Mapa da Violência 2015 aponta que 28.946 eram negros. Os números mostram que as vítimas desse tipo de morte foram 2,5 vezes mais de negros do que de brancos. Para cada grupo de 100 mil habitantes, a taxa de vítimas da cor branca ficou em 11,8 óbitos, enquanto a de negros chegou a 28,5 mortes, uma diferença de 142%.

Em 2015, acompanhei, como vice-presidente, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou a violência contra o Jovem Negro e Pobre no Brasil. Essa Comissão cumpriu com um importante papel institucional e de reconhecimento de um cenário perverso. Ao mesmo tempo em que possibilitou amplificação das vozes, historicamente, silenciadas, a CPI reconheceu que existe, sim, um “genocídio simbólico” da população jovem e negra em nossa sociedade.

Após um período de importantes conquistas (2003-2015), está na hora de avançar. A sociedade brasileira, o poder público e as organizações sociais precisam se unir para repensar o atual modelo de desenvolvimento. É preciso ampliar e fortalecer as políticas públicas de combate ao racismo, preconceito e discriminação.

Neste Dia 20 de Novembro, vamos às ruas para reafirmar nossa luta contra qualquer forma de preconceito e opressão. Mas, sobretudo, iremos às ruas lutar pela implementação de políticas efetivas que superem a herança brutal que a desigualdade impôs ao nosso país e que se revela de maneira violenta através do racismo.

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