O futuro sem terror

As redes sociais, em especial o Facebook, foram palcos de uma grande polêmica (e está sendo) a partir dos acontecimentos ocorridos em Paris na última sexta-feira.

O mundo e o Brasil estão sendo “bombardeados” sistematicamente, diuturnamente, por “notícias” e “informações” acerca do episódio, que dizimou um pouco mais de uma centena de vidas. A França, aliada dos Estados Unidos nos ataques a região onde se encontra em litígios curdos, iraquianos e jihadistas, sofreram um orquestrado atentado promovido por meia dúzia de jovens, alguns deles, cidadãos do país.

Toda hora surge uma “informação” nova, logo desmentida e/ou aperfeiçoada, pelos jornalistas que de uma hora para outra são ungidos de sabedorias nunca “dantes” vistas e passam a discorrer, com aparente exatidão, sobre temas complexos e confusos. Claro que em toda guerra a primeira vítima é a verdade. Mas o fato é que uma parte imensa da nossa nação fica polarizada por tal cobertura “jornalística” eivada de venenos em doses paliativas, para não chamar muito atenção dos incautos.

A “polêmica” a qual me refiro ocupou boa parte dos assuntos dos internautas brasileiros, especialmente, por conta da tragédia ocorrida em Mariana- MG, que praticamente varreu do mapa um povoado(distrito) próximo a barragem cujo dique se rompeu. Uma celeuma artificial que dominou sobre maneira as postagens e reproduções, criticando a utilização das cores da bandeira da França, material fornecido pelo FB que logo ganhou a adesão de muitos usuários pelo mundo e evidentemente no Brasil.

De repente surgiu comparações, críticas de parte a parte e pronto o assunto estava dominando as redes e as conversas que delas, normalmente, se originam.

Na verdade, pude perceber que se formaram dois campos: um que entendia o evento acontecido em Paris, como um fato de dimensão mundial que repercutirá no futuro imediato do mundo e que necessita de respostas a altura e evidentemente para além da vingança ou da mera retaliação. Estes eram no geral progressistas e que ao se posicionarem contra tais atrocidades não diziam, evidentemente, que não se comoviam com o desastre previsível ocorrido em MG. Segundo pude observar estes se posicionavam mais à esquerda.

Um outro que reivindicava uma atitude, dos primeiros, no mesmo espaço contra o ocorrido em Mariana. Estes juntaram a solicitação de ajuda humanitária aos desabrigados e uma consternação oficial por conta da situação dos desassistidos mineiros. Neste “grupo” estavam, via de regra, pessoas que eram contra a Dilma, que solicitaram o impeachment e quem em suas páginas faziam pesadas críticas ao PT. Não tardou em aparecer posts com uma suposta fala da Dilma na ONU, em que “ela” teria criticado o bombardeio dos EUA nos jihadistas. Aí se consolidou algo assim: os que davam ou buscavam dar dimensão aos atentados eram taxados de petistas e os que destacavam Mariana eram autodenominados de “brasileiros”.

Vejam em que situação nós estamos? Ainda bem que uma boa parcela equilibrada e razoavelmente informada não entrou nessa esparrela! Mas o acontecimento nos deu uma verdadeira e real dimensão da polarização que ocorre em nosso país.

O Brasil que não tem oposição honesta e nem inteligente, na verdade são sabotadores e golpistas, tentam tirar proveito de tudo. Estão pouco se lixando para posições políticas. O jogo é sujo e duro. O pior é quem existe lideranças do campo governista que buscam responder com a mesma moeda. Dizendo que o culpado pelo desastre em Mariana foi FHC. Aí fica difícil, com este clima de torcida de futebol, não iremos longe.

“Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, diria o grande filósofo, Neném Prancha!

O rompimento da barragem na cidade mineira precisa ser investigado rigorosamente, seus responsáveis, se houver, punidos exemplarmente. Buscar resolver a situação dos que ficaram sem lar e sem nada urge. O Governo Estadual, o Federal e as pessoas que puderem ajudar, devem fazê-lo. O desastre ambiental é terrível e nem sabemos se haverá conserto. Mas a luta segue, depende de nós.

Contudo os episódios de Paris, são de dimensão mundial, estratégica e contundente. É mais que a simples ponta de um iceberg. As atitudes de rapinas, guerreiras, intervencionistas dos americanos, na região do Golfo e no oriente médio, de forma planejada e consciente, culminam com surgimentos de grupos como esses que assumiram os atentados. O estimulo, treinamento e inclusive armamentos, para esses loucos, nascem ali na CIA e no Pentágono. A sanha assassina dos E.U.A precisa ser denunciada e combatida. O mundo e a região citada precisam de um novo conserto político internacional. A forma com a qual o imperialismo e seus governos agem contra os povos daquelas regiões não deu certo, nem do ponto de vista deles. O mundo moderno precisa de uma liderança(país) em condições de opinar e persuadir as potências. Mas infelizmente isso não há ainda. O Brasil poderia jogar um papel importante na articulação disso junto com a China, Índia e outros. Mas as elites, ao que parecem, não permitirão, de bom grado.

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