Fronteiras abertas, mas vigiadas

A área continental de 8,5 milhões de km² do Brasil imprimiu no mapa da América do Sul uma linha irregular de 16.889 quilômetros de fronteira com nove países e a possessão ultramarina da Guiana Francesa. Somente a Rússia, com o dobro do território, limita-se com mais nações (17). Vivemos bem com todos eles, atentos na lição geopolítica de que a paz com o vizinho é tão importante quanto a harmonia dentro de casa.

A integridade territorial e a boa vizinhança de que desfrutamos tem sido asseguradas pela presença das Forças Armadas nas fronteiras. Mais um capítulo dessa missão histórica, que remonta à bandeira de limites do capitão Raposo Tavares no século XVII, foi escrito esta semana pelo Ministério da Defesa com a décima edição da Operação Ágata, na Amazônia. Trata-se de um esforço para demarcar a presença ostensiva do Estado brasileiro em regiões remotas, com baixa densidade demográfica e pequena cobertura das instituições públicas, onde persiste a vulnerabilidade social e trafegam ações criminosas. 

A natureza social dessas operações é tão importante quanto sua motivação militar. Integrantes da Marinha, Exército e Aeronáutica vão a lugares remotos dar assistência médica, regularizar situação civil, dar cursos rápidos de atividades que dinamizam a vida das populações locais. Assistidos, aqueles brasileiros se sentem integrantes de um país soberano que, em pontos da Região Norte, ainda hoje evoca o que disse Duarte Coelho, donatário da capitania de Pernambuco, em carta ao rei de Portugal: “Somos obrigados a conquistar por polegadas as terras que Vossa Majestade nos fez merecer por léguas”.

Por suas riquezas imensuráveis, a começar da água, floresta e enormes áreas praticamente intocadas na forma de parques nacionais e reservas indígenas, a Amazônia demanda atenção preventiva. Nossas fronteiras são abertas ao livre trânsito dos vizinhos, mas convém ocupá-las e vigiá-las como dissuasão de velhas cobiças adormecidas.

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